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Etanol: venda direta para postos de combustível divide setor

A Unica teme que o produtor tenha que arcar com os impostos pagos pelas distribuidoras; para o comentarista Miguel Daoud, mecanismo precisa ser mais estudado

O presidente Jair Bolsonaro se comprometeu a tentar agilizar a tramitação do projeto que permite a venda direta de etanol da usina aos postos de combustível. A informação foi divulgada pelo presidente do Sindaçúcar de Alagoas, Pedro Nogueira, que se reuniu com chefe de Estado, nesta quinta-feira, 16, no Palácio do Planalto.

“O presidente acolheu [a proposta]. Disse que coincide, que é projeto dele também, resolver essa questão da redução do ‘custo Brasil’ e da simplificação da comercialização do combustível, em defesa do brasileiro”, disse Nogueira. Segundo Bolsonaro, a venda direta reduziria em R$ 0,20 o preço do litro.

O diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Antonio de Padua, afirma que o processo de liberação precisa ser melhor analisado. “Hoje, em tributos federais, R$ 0,13 são recolhidos pelo produtor e R$ 0,11 pela distribuidora. Tirando elas do processo, quem vai recolher esse tributo? O estado e a União não vão querer”, alerta. Ele defende pode-se liberar a venda direta, mas melhor ajustada, para não trazer “consequências para este mercado que funciona tão bem”.

De acordo com o comentarista Miguel Daoud, a posição de Bolsonaro atende a uma reivindicação do Nordeste, que precisa de um mecanismo como esse, mas precisa ser muito bem pensado. “Antes de tomar uma decisão, precisamos estudar todas as implicações”, diz.