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Entenda o que está em jogo com a proposta de importação de gado vivo

Benedito Rosa lembra que o Brasil investiu durante décadas para alcançar o status sanitário que tem hoje e que tudo isso pode ser perdido com a chegada de apenas um animal contaminado

A baixa oferta de bovinos prontos para abate levou o Sindicato das Indústrias de Frios, Carnes e Derivados de Mato Grosso do Sul a pedir ao Ministério da Agricultura sinal verde para importação de gado vivo do Paraguai. A solicitação foi feita no início de fevereiro e repercutiu no setor.

A Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) demonstrou preocupação com a possibilidade. O estado possui o maior rebanho bovino do Brasil, com cerca de 30 milhões de cabeças, e está há 25 anos sem casos de febre aftosa. A entidade teme que os países originadores não sejam tão criteriosos quanto o Brasil em relação à sanidade animal.

Essa também é a preocupação do comentarista Benedito Rosa. “Com todo respeito à pecuária dos países do Mercosul, mas o padrão sanitário brasileiro evoluiu muito, assim como o Programa Nacional de Febre Aftosa. Há um convênio para ação conjunto com o setor privado, secretarias e ministério da agricultura. O programa está avançando bem e não vale a pena correr riscos como esse para aumentar a oferta de carne bovina”, disse

Benedito lembra que quando o Brasil enfrentou um surto da doença, o vírus veio de animais vivos que participaram de exposições no Paraná e São Paulo. “Agora que estamos com grupo livre de vacinação, não podemos correr o risco de ter um foco sequer de aftosa para complicar décadas de trabalho”, explicou.