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Inseminação artificial em bovinos está presente em 70% dos municípios brasileiros

De acordo com a Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia), o Brasil deve comercializar mais de 20 milhões de doses de sêmen em 2020, valorizando o rebanho nacional e difundindo mais a técnica

A  inseminação de artificial do rebanho bovino é uma técnica cada vez mais utilizada pelos pecuaristas e o mercado de venda de sêmen segue aquecido, mesmo com a pandemia de Covid-19. As centrais de inseminação pelo país  trabalham em ritmo acelerado para dar conta dos pedidos.  

De acordo com a Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia), o Brasil deve comercializar mais de 20 milhões de doses de sêmen em 2020, valorizando o rebanho nacional e difundindo mais a técnica. 

O ano tem sido lucrativo para a central de inseminação artificial Progen, localizada em Dom Pedrito,  município que faz fronteira com o Uruguai. As vendas de sêmen de gado de corte aumentaram 60% neste primeiro semestre, em comparação  ao mesmo período do ano passado.  

A central é especializada em genética de animais das raças taurinas e sintéticas. Tem capacidade para acomodar 120 touros e está com os piquetes lotados. O diretor afirma que a genética adaptada é a chave para o desenvolvimento das propriedades rurais.  

“Nós podemos comentar um pouco sobre as raças utilizadas aqui. Por que trabalhamos basicamente com essas raças? São raças muito adaptadas ao ambiente onde nós estamos. Raças que são selecionadas nesta região, a região da campanha gaúcha. O principal foco de utilização, hoje, da genética produzida aqui, é a utilização no Brasil Central  para o cruzamento com a raça,  basicamente, com a zebuína nelore, produzindo o animal meio-sangue. Hoje, a nossa maior realização é da genética Angus para utilização na nelore, fazendo a meio-sangue angus x nelore. Hoje, a raça angus comercializa no Brasil mais de 5 milhões doses de sêmen, é a raça mais utilizada, principalmente, com o cruzamento industrial com o nelore. Essa utilização se dá em larga escala pela complementaridade entre as raças e pelo efeito da heterose. Isso gera um ganho a custo muito baixo para o produtor que a gente chama de heterose”, explicou Fábio Barreto, diretor da Progen.

Segundo ele, esse cruzamento se consegue aproveitar todas as qualidade da raça angus, uma raça mundialmente reconhecida pela qualidade de carne, pela precocidade sexual, pela precocidade de terminação, em cima de uma raça também mundialmente reconhecida como a nelore, pela rusticidade e pela adaptação aos trópicos. “Com isso,  a gente consegue aproveitar o que tem de melhor em cada raça. Hoje, estima-se que 90% das inseminações realizadas em gado de corte, no Brasil, são feitas através da inseminação artificial a tempo fixo, ATF, isso propicia um grande aumento da utilização da inseminação artificial e nós acreditamos que esse crescimento deve continuar nos próximos anos”. 

Angus boi
Foto: Associação Brasileira de Angus

Além do angus, a raça largamente utilizada,  a empresa acreditam em espaço para crescimento das raças hereford e devon. “As raças sintéticas possuem um grande mercado grande mercado. Hoje, a utilização no meio-sangue angus x nelore acasala muito bem com as raças sintéticas. Podemos destacar o brangus, braford estão com crescimento bastante expressivo, devem continuar crescendo nos próximos anos, devido um maior número de animais meio-sangue que estão entrando em reprodução”, completou. 

O pecuarista Decio Rother Filho tem tem duas fazendas no interior de São Paulo e em Mato Grosso do Sul e resolveu investir, novamente, em inseminação artificial. Segundo ele, tem tido bons resultados com a técnica, exportando gado vivo até para a Turquia. 

“Hoje, nós inseminamos cerca de 6 mil matrizes da raça nelore com angus. O animal Angus dá um rendimento muito bom dentro do confinamento. Os frigoríficos pediram para fazer com angus porque é uma carne ideal para eles e eles incentivaram com bonificações. (…) Eu estou super contente, principalmente, nas fêmeas. Recentemente, começamos a exportar animal, animais vivos, machos, para a Turquia e estou contente com esse trabalho”, disse.

Angus boi
Foto: Associação Brasileira de Angus

A raça angus registrou um aumento de quase 34% na venda de doses de sêmen, somente no primeiro semestre de 2020, em relação ao mesmo período de 2019. A Associação Brasileira de Angus espera bater recorde de comercialização de sêmen neste anos e ultrapassar as vendas do ano passado, que foram de mais  5,8 milhões de doses. 

“Nós vemos criadores, cada vez mais, investindo em genética angus para o cruzamento industrial, cruzamento este que deixa resultados como maior lucratividade, encurtamento de ciclos reprodutivos e melhora na qualidade dos produtos  a serem entregues ao mercado.  Este ano de 2020, a gente espera que a raça angus quebre recordes na comercialização de doses de sêmen. Desde 2013, nós somos a raça que mais comercializa sêmen entre todas as raças de corte do Brasil, sempre figurando em torno de 50% do mercado  total de doses de sêmen de corte. A gente espera que seja o ano do cruzamento industrial”, disse o gerente de fomento da Associação Brasileira de Angus, Mateus Pivato. 

Hereford e Braford 

Os criadores de hereford e braford também comemoram o crescimento na venda de sêmen, aliado aos programas de melhoramento genético das raças. Luciano Dornelles, presidente da Associação Brasileira de Hereford e Braford (ABHB), diz que também há um crescimento de vendas de sêmen da raça em 2020. 

“Recebemos o relatório da Asbia, de 2020, e nele, mais uma vez, constatamos o crescimento das raças hereford e braford na venda de sêmen. Foram aumentos bastante significativos. No comparativo dos anos de 2018, 2019, 2020, primeiro semestre de cada ano, no hereford, houve um aumento de mais de 92%. No braford, 103%. Isso nos mostra todo o resultado de um trabalho que estamos fazendo nesses últimos anos. Resultado de trabalhos de programa de melhoramento genético, nossas parcerias com empresas como a Embrapa, nosso programa de carne, o consumidor final aproveitando desse produto de qualidade”, falou.

Bernardo Pötter, presidente do Conselho Técnico da Conexão Delta G, associação, que reúne fazendas das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste  do Brasil, que utilizam tecnologia de ponta para aumentar a eficiência da pecuária de corte, explica as inúmeras vantagens da inseminação artificial. 

“Para a produção de gado comercial , ela permite que touros provados de alto valor genético sejam usados em larga escala nos rebanhos de qualquer parte do país, touros que estão no Rio Grande do Sul podem ser usados no Norte do país e vice-versa. Além do maior benefício, que é a padronização dos animais, via inseminação artificial, com o uso de sêmen de touros provados de alto valor genético. É uma ferramenta indispensável porque ela permite a utilização de outras tecnologias, principalmente, o acasalamento  dirigido, a gente consegue  maximizar características, corrigir outras características, deficiências de determinadas vacas”   

Novidade 

A Asbia está fazendo, pela primeira vez,  o levantamento municipalizado da comercialização de sêmen e prevê,  que até o final do ano, 80% dos municípios brasileiros estarão trabalhando com a tecnologia. A comercialização de sêmen  segue  em ritmo acelerado.

“Um comparativo dos últimos cinco anos, de 2015 a 2019, e a evolução do mercado de inseminação artificial, neste período, nós temos para consumidor final, que é o cliente usuário efetivamente da inseminação artificial, um crescimento  de mais de 30% neste segmento. Nas exportações , crescemos  ao redor 120%. Na área de produção e prestação de serviços mais de 60%. O mercado total de inseminação artificial, neste período, cresceu mais de 43% ou seja é um crescimento muito vigoroso.  No primeiro semestre de 2020, quando comparado ao primeiro semestre de 2019, nós tivemos um crescimento 33% sobre o volume de doses comercializadas para o cliente final. Nós deveremos ultrapassar o expressivo volume de 20 milhões de doses comercializadas, no Brasil, isso é um dos maiores mercados do mundo de inseminação artificial”, contou Carlos Vivacqua, executivo da entidade. 

Segundo ele, atualmente a Asbia tem condições de informar ao consumidor, às empresas, ao mercado, as áreas de pesquisa e de fomento do governo federal, municipal ou estadual, o volume de doses comercializadas por cada município do Brasil. Ao todo, 70 % dos municípios utilizando inseminação artificial. 

“Nós acreditamos que vamos chegar ao término do ano de 2020 , aproveitando o momento de estação de monta , nós esperamos chegar a 80% dos municípios do Brasil trabalhando com a tecnologia da inseminação artificial”, concluiu.