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Milho: ‘Se safrinha não vier como o esperado, teremos graves problemas’

Alerta foi dado pelo vice-presidente da Federação da Agricultura de Santa Catarina; estado já enfrenta escassez do cereal por conta da quebra na produção de verão

O déficit entre oferta e demanda de milho em Santa Catarina é de aproximadamente cinco milhões de toneladas por ano. Com o atraso na safra de verão, que deve submeter o cereal a problemas sanitários e agravar as perdas causadas pela estiagem, o vice-presidente da Faesc, Enori Barbieri, afirma que a situação do estado é bastante grave.

Barbieri projeta que a queda na produção de milho verão do estado, projetada em 30% até o momento, deve chegar a 50% por conta de doenças. Além disso, o produtor catarinense não cultiva o cereal na segunda safra, por conta da falta de chuva. “A pergunta é: quem vai nos abastecer até a entrada do milho do Centro-Oeste, no meio do ano?”

De acordo com Barbieri, grandes empresas não devem ter problemas por serem multinacionais e terem facilidade para deslocar o milho entre os países. O grande desafio será para os pequenos produtores e criadores independentes, que compram dia a dia no mercado spot.

Diante disso, o vice-presidente da Faesc afirma que o setor de proteína animal catarinense ficará dependente da segunda safra do Brasil. “Se não tivermos uma safra como a esperada, teremos muitos problemas de abastecimento, porque a demanda internacional está muito aquecida”, alerta.

O vice-líder da Faesc diz que a Argentina passa por uma situação parecida, o que motivou o governo do país vizinho a cogitar suspender as exportações – medida derrubada nesta segunda-feira, 11. “O Brasil não pode contestar a Argentina, ela está preocupada com o que aconteceu aqui em 2019. Exportamos muito mais do que poderíamos exportar e os produtores ficaram sem milho no Brasil”, diz.

Para apertar ainda mais as margens dos criadores, quando a Argentina anunciou que suspenderia as exportações, vendedores em atuação no Brasil aproveitaram para subir os preços do milho em quase 10%, segundo Barbieri.