Falta de tecnologia nos estados atrasa validação do Cadastro Ambiental Rural | Canal Rural

Falta de tecnologia nos estados atrasa validação do Cadastro Ambiental Rural

Estrutura deficiente dos estados dificulta análise dos dados ambientais das propriedades, impedindo que produtores deixem imóveis em dia com a lei

Fonte: Reprodução/Canal Rural

Já foram inseridos no Cadastro Ambiental Rural (CAR) 409 milhões de hectares, o que corresponde a quase 97% da área passível de registro no Brasil. Mas, se esse resultado é animador, o mesmo não ocorre com passo seguinte do credenciamento: a análise dos dados. Até o momento, somente dois estados iniciaram essa etapa. O atraso é reflexo da falta de estrutura e de tecnologia dos estados, a quem cabe essa fase do processo.

A avaliação das informações é fundamental para que os produtores rurais possam definir o que precisa ser feito para regularizar a propriedade do ponto de vista ambiental. Apenas após a análise de dados é possível aderir ao Programa de Regularização Ambiental (PRA), e ter multas suspensas, por exemplo.

De acordo com o coordenador de Sustentabilidade da comissão de Meio Ambiente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Nelson Ananias Filho, os poucos estados que estão nessa fase ainda realizaram muito pouco, uma realidade que cria insegurança ao produtor rural. “A gente não sabe o que compensar, onde compensar e de que forma vamos aderir ao PRA”, diz o coordenador.

Segundo a CNA, os estados não conseguem acessar o sistema do Serviço Florestal Brasileiro (SFB) para fazer a análise. E o processo manual é praticamente impossível de ser feito. “Os mesmos profissionais que fazem isso nos estados também realizam as atividades diárias de fiscalização e licenciamento. Não há mão de obra suficiente para fazer a análise na celeridade que a gente precisa”, complementa Ananias Filho.

O SFB afirma que apenas Mato Grosso e Acre já iniciaram o módulo de análise do Cadastro Ambiental Rural. Foram finalizados ou estão em andamento 1.887 registros. Nos próximos 30 a 60 dias, a análise dos dados também deve ser iniciada em mais sete estados. Segundo o SFB, a demora de todo o processo no país tem um motivo principal: a falta de infraestrutura em tecnologia dos próprios estados.

O diretor de Fomento e Inclusão do Serviço Florestal, Carlos Eduardo Sturm, afirma que cooperações internacionais prestes a entrar em operação irão mudar esse quadro. O governo da Alemanha, por exemplo, comprometeu-se a enviar 32 milhões de euros por ano para equipar Pará, Mato Grosso e Rondônia.

Sobreposição

Sturm afirma que entre 15 e 20% dos cadastros serão considerados pendentes, por terem áreas de sobreposição com outras propriedades rurais, áreas de preservação ou terras indígenas. Em todos os casos, é possível corrigir as informações sem prejuízos ao agricultor.

Os produtores com casos desse tipo devem fazer a regularização fundiária junto ao federal ou estadual do meio ambiente. “Quando aparece essa sobreposição, a gente pede que o proprietário entre em contato com o órgão ambiental pra ver se há uma titularidade em cima daquela área, o que provavelmente não vai acontecer, porque é área da União”, diz o diretor do SFB.

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