Perigo! Moradores de MT sofrem com falta de soro contra picada de cobra

Rural Notícias

Perigo! Moradores de MT sofrem com falta de soro contra picada de cobra

De acordo com entidades, produtores rurais estão expostos diariamente ao risco e precisam de antiofídico disponível para evitar mortes e sequelas

A escassez de soro antiofídico nos hospitais e clínicas médicas do interior de Mato Grosso preocupa produtores e a população da zona rural. As doses concentradas nas cidades-polo e transportadas em caso de necessidade levam pacientes picados por serpentes peçonhentas no campo a contarem com a sorte.

Segundo a Coordenadoria da Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde de Mato Grosso (SES-MT), de janeiro a junho de 2020, foram notificados 777 casos de acidente com animais peçonhentos, sendo que 522 foram com serpentes. Em 2019, foram 1.861 casos, dos quais 1.179 envolveram serpentes.

A autônoma Aline Hoffman estava fazendo o almoço quando foi atacada por uma jararaca, que estava escondida embaixo do fogão da fazenda, no município de Cláudia. Ela levou duas mordidas e conta que foram dias de agonia durante o tratamento. “Fiquei internada três dias, tomando soro antiofídico. Na época, ainda tinha à disposição”, diz.

De acordo com o agricultor Ivan Hoffman, marido de Aline, a disponibilidade imediata do soro foi fundamental para ajudar no tratamento e evitar que a esposa ficasse com sequelas. Se fosse atualmente, talvez ela não tivesse a mesma sorte. “No nosso município, tem cerca de dez mil habitantes, cidade pequena. Ocorrem muitos acidentes nas propriedades rurais todo mês; às vezes, toda semana acontece, e a gente chega no hospital e não tem”, diz.

O presidente do Sindicato Rural de Tapurah, Dirceu Luiz Dezem, afirma que também há falta do medicamento no município. Ele também foi vítima de uma serpente peçonhenta no passado e carrega sequelas. “Junto com a picada, peguei uma infecção que me deixou em torno de 15 dias internado e mais seis meses até retornar à atividade”, conta.

A Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT) está preocupada com a situação e cobra das autoridades uma solução. “As pessoas que trabalham no campo estão diariamente expostas a esse risco e é muito importante ter a disponibilidade do soro no interior dos municípios”, afirma o vice-presidente da Aprosoja-MT, Fernando Cadore.

A coordenadora de Vigilância em Saúde Ambiental, Ludmila de Souza, afirma que houve redução na quantidade de soro recebida do Ministério da Saúde, mas não chega a faltar soro antiofídico. “O que precisa se compreender é que ele só é disponibilizado de acordo com a situação epidemiológica de cada município”, argumenta.

Sair da versão mobile