Clima coloca 2ª safra em risco, mas produtores preferem focar na soja

Soja Brasil

Clima coloca 2ª safra em risco, mas produtores preferem focar na soja

Muitos produtores relataram que não devem fazer o plantio posterior a soja e outros que irão fazer, mas sem fazer loucuras ou plantar no pó para isso

O atraso na chegada das chuvas em muitos estados, está deixando alguns produtores com uma decisão difícil nas mãos: plantar no pó ou esperar a chuvas? Claro que a escolha pode trazer consequências, como a perda de produtividade ou até replantio, no primeiro caso; e a perda da janela ideal para o plantio da segunda safra, para quem esperar as chuvas. O que fazer? Para responder essa pergunta, o Projeto Soja Brasil conversou com mais de 40 produtores de todas as regiões do país. Confira abaixo o que pensam!

A pergunta realizada para os produtores era se “com os atrasos das chuvas, você vai fazer a 2ª safra ou não?. Vale a pena arriscar a plantar no pó para salvar a safrinha?

Antes de trazer algumas respostas, vale ressaltar que cada região possui um clima diferente e para alguns, de fato, ainda há chance de se plantar um pouco depois da janela ideal e garantir a safrinha. Entretanto, para outros, a cada dia de atraso, menor é a chance de a 2ª safra render bem.

Diante disso, a grande e esmagadora maioria dos produtores respondeu que não vale a pena arriscar a primeira safra plantando no pó. Desde já o Projeto Soja Brasil agradece a todos que participaram através do Whatsapp do Projeto, (11) !

O mais animador é que alguns sojicultores já perceberam que suas regiões não apresentam condições de se fazer uma segunda safra adequada, já que o plantio da primeira safra, feita com a soja, normalmente atrasa por falta de umidade.

O produtor Alessandro Oliveira, de Maringá (PR), já não semeia uma segunda safra há três anos e se diz satisfeito com o resultado.

“Agora o plantio da soja pode ser feita no momento certo, com a umidade correta. E a colheita é mais tranquila, sem loucura de plantar milho correndo, cuidar de percevejos e outras coisas. Antigamente eu conseguia fazer isso, até porque as duas culturas produziam bem, mas de uns anos pra cá, tive só prejuízo e decidi focar na soja”, diz Oliveira.

E se engana quem pensa que o caso de Oliveira é único. Vários produtores do Paraná, Goiás, Matopiba e até Mato Grosso disseram focar apenas na produção bem realizada da primeira safra. Isso por que, em suas regiões, o clima não favorece a divisão.

“Esse ano não estou animado para fazer safrinha não. Normalmente planto 50% da minha área na segunda safra, com sorgo, mas desta vez não sei se irei comprar os insumos para isso, não. Vou decidir mais pra frente”, diz o produtor Cleon Dias de Menezes, de Piracanjuba (GO).

Confira algumas respostas abaixo!

Irão fazer a 2ª safra

Entre os que têm condições de semear a segunda safra, a maioria diz que não vai arriscar a plantar no pó e consideram uma mudança de estratégia para plantar após a retirada da soja.

O técnico agrícola Emanuel Logoski, trabalha em uma propriedade em La Paloma, no Paraguai, e disse que com o atraso nas chuvas trocará a cultura a ser semeada após a soja.

“Vamos esperar a chuva para garantir a safra de soja normal e talvez fazer uma safrinha de trigo e chia na sequência. Normalmente plantamos milho e trigo, mas se a situação das chuvas não melhorar trocaremos”, diz ele.

Em Santa Cruz da Conceição, interior de São Paulo, o produtor Romilson D’Ávila confirma que a safrinha é extremamente importante para a composição da renda, entretanto ele não arrisca em plantar no seco.

“Eu já comprei sementes de milho para cobrir pelo menos 30% da minha área. Isso não significa que plantarei a soja de qualquer jeito. Já o milho eu precisarei plantar. Tem ano que ganhamos bem, tem ano que empatamos e outros que temos um pequeno prejuízo, faz parte”, diz ele.

Outro produtor, de Campina da Lagoa (PR) que já comprou sementes para a 2ª safra, já pensa em devolver uma parte. Por lá, ele planta 180 hectares com soja na primeira safra e milho na segunda. Mas com o clima não favorecendo, isso deve mudar.

“Acredito que terei que reduzir pelo menos a metade do que ia plantar na segunda safra. Vou tentar cancelar as reservas que já fiz. Se não conseguir, vou tentar guardar para o próximo ano. Esse é o jeito”, diz Adilson Aparecido.

Confira outras respostas abaixo!

O que a Embrapa diz?

Segundo o pesquisador da Embrapa Soja, Alvadi Balbinot, de fato o produtor precisa avaliar como é o clima em sua região e, se ele favorece plantar a soja com a umidade certa, e depois semear a segunda safra na janela ideal.

“De fato, em regiões com estação chuvosa mais curta, uma opção é fazer uma safra de soja bem feita. Nessas regiões, o milho segunda safra tem risco muito alto. O custo do milho também é alto e não vale arriscar”, diz ele.

O pesquisador ressalta que cada propriedade tem suas particularidades, mas semeaduras tardias de.milho segunda safra tendem a ser pouco produtivas.

“Há muitas situações em que o produtor, provavelmente, está tendo prejuízo com milho 2ª safra e não está ciente. Nesses casos, o melhor seria investir em culturas para cobertura do solo, visando melhoria do solo, redução de erosão e plantas daninhas”, afirma ele.

Por fim, Balbinot ainda destaca alguma opções para plantio subsequente a soja.

“Se for regiões mais frias do Paraná, por exemplo, pode se usar aveia preta, centeio, aveia branca e vários consórcios entre essas espécies, mais nabo forrageiro e.ervilhacas. Se for regiões mais quentes, como Londrina, a opção são as braquiárias, como a ruziziensis. Em áreas quentes que têm problemas de nematoides uma opção é crotalária spectabilis”, ressalta.

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