Soja Brasil

Soja: retirada de tarifa para importação não deve ter efeito neste momento

Consultor afirma que o fornecedor mundial de soja seriam os Estados Unidos, mas preço FOB da oleaginosa americana ainda não compensa

A suspensão da alíquota de importação aplicada às importações soja, óleo de soja e farelo de soja anunciada nesta segunda-feira, 19, pelo Ministério da Agricultura deve ter impacto bem restrito e quase nulo sobre o abastecimento no mercado brasileiro. A avaliação é do consultor da Safras & Mercado Luiz Fernando Roque.

Segundo ele, a medida abre a possibilidade de trazer de fora do Mercosul e neste cenário só quem pode fornecer é os Estados Unidos. “E a soja americana está mais cara que a brasileira nesse momento. O FOB americano está cerca de US$ 20 dólares do Brasil. O prêmio está quase 70 nos EUA. O brasileiro entre 5 e 10 pontos. Não faz sentido, não tem impacto nesse momento”, diz o analista.

No caso do farelo, o cenário é o mesmo. “Como estamos com preço alto, já trazemos soja e farelo dos países do Mercosul”, completa Roque.

Entre janeiro e março, o Brasil importou o dobro de soja em grão de igual período de 2020. Ano passado, as importações brasileiras somaram 820 mil toneladas na temporada, movimento que ganhou força no segundo semestre. No primeiro trimestre, as compras chegaram a 200 mil toneladas, contra 100 mil toneladas em 2020.

“Sempre importamos um pouco do Paraguai, mas volumes restritos. Sempre acontece de trazer, porque fecha a conta na logística, principalmente por parte do Paraná. Não tem necessidade de trazer dos EUA, porque a conta não fecha. Talvez mais no final do ano, dependendo da oferta, estoques e dos preços domésticos, principalmente com a entrada da safra americana, quando preços e prêmios recuam. Talvez facilite, mas ainda é cedo para saber”, diz.

Segundo Roques, o Brasil não vai importar grandes volumes, já que ainda há produto disponível. “Não temos grande problemas também com o farelo, embora essa questão da diminuição da mistura do biodiesel possa reduzir o esmagamento, resultando em menor oferta de farelo. Mas nesse momento não é o que estamos vendo. A medida não deve ter impacto nos próximos dois a três meses. Talvez mais no final do ano”, conclui.