Soja Brasil

Ação no STF questiona extensão do calendário de plantio da soja

Pedido aponta risco de proliferação da ferrugem asiática e danos ao meio ambiente

As portarias do Ministério da Agricultura (Portarias 389/2021 e 394/2021) que ampliaram o tempo permitido para o plantio da soja no país são alvo de Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) apresentada pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB) ao Supremo Tribunal Federal (STF).

plantio direto soja carbono
Foto: Pedro Luiz de Freitas/ Embrapa

As normas reduziram o chamado “vazio sanitário” – período de interrupção da semeadura que visa proteger as plantações contra o fungo da ferrugem asiática (Phakopsora pachyrhizi). Além de causar graves prejuízos econômicos ao devastar as lavouras, o surgimento desse fungo demanda o uso intensivo de defensivos para combatê-lo.

O vazio sanitário foi estabelecido há mais de 10 anos no país com o objetivo de evitar a contaminação das plantações por esse fungo. Em alguns estados, as novas portarias alargaram o período de plantio em até 49 dias, contrariando normas técnicas e estudos científicos da Embrapa.

A ação pede a imediata suspensão das portarias, sob o risco de afetar a atividade econômica, o equilíbrio do meio ambiente e a saúde humana.

De acordo com a ADPF protocolada pela equipe do escritório Carneiros e Dipp Advogados, o vazio sanitário é uma “medida de extrema relevância, com fundamentação científica sólida, para garantir que o Brasil siga figurando como maior produtor mundial de soja”.

A ação argumenta que a “extensão do calendário de plantio implica mais tempo ininterrupto de soja no campo, o que, por sua vez, aumenta o número de aplicação de fungicidas, gerando resistência dos fungos a tais produtos, a demandar ainda maior uso de agrotóxicos, com todos os seus danos ao meio ambiente, como a poluição do ar, da água, do solo e o risco de contaminação da população”.