Apesar das chuvas ocorridas no Rio Grande do Sul, os volumes não revertem o efeito do déficit hídrico na maior parte do estado, que tem prejudicado o desenvolvimento da cultura. A cultura para esta safra foi totalmente implantada no RS. As lavouras encontram-se 20% em germinação e desenvolvimento vegetativo, 13% em floração, 28% em enchimento de grãos, 26% maduro e 13% dos 771 mil hectares já foram colhidas.
Na região de Ijuí, que corresponde a 10% da área cultivada no Estado, a cultura está principalmente em estádio de maturação, em 50% das lavouras e enchimento de grãos em 30%. O potencial produtivo varia muito; diversos municípios apontam perdas superiores a 50% e em alguns no Corede Celeiro não há perdas. A colheita do milho avança, chegando a 17% da área cultivada para produção de grãos e 64% para silagem. As lavouras colhidas para silagem apresentam rendimento de 25 a 30 mil quilos por hectare, muito abaixo da estimativa inicial.
A massa verde está desidratada, com consequente perda de qualidade. Áreas da região Celeiro apresentam boas produtividades, e a colheita ultrapassa 35% das lavouras em alguns municípios. Com a melhora das condições de umidade do solo, os agricultores estão manejando as áreas para o segundo plantio da cultura.
Na região de Santa Rosa, maior região produtora de milho do Estado, com 15,4% da área, a cultura está principalmente em maturação, atingindo 42% da área. A colheita avançou para 45% das lavouras, com leve redução no rendimento até o momento. Isso se deve à baixa umidade do solo nos últimos dias e à ocorrência de poucas chuvas, atingindo lavouras em plena floração e formação inicial do grão; tal quadro pode reduzir a produtividade do milho safrinha e das lavouras semeadas mais tarde, que se encontram nos estádios reprodutivos e de enchimento de grãos, notadamente as que mais sofrem em função da restrição de umidade.
Na Fronteira Noroeste até o momento as perdas não são significativas. Em Três de Maio, as lavouras colhidas atingem uma média de 150 sacas por hectare; nas áreas de alta produtividade com alto nível de investimento tecnológico, apresentam rendimento médio de 175 sacas por hectare. As altas temperaturas favoreceram a perda de umidade da cultura, antecipando a colheita, principalmente para a silagem de grão úmido e de planta inteira. As lavouras com semeadura mais tardia estão sendo afetadas pelas chuvas irregulares, sendo que alguns produtores não conseguiram fazer a adubação em cobertura. Produtores realizam o plantio da safrinha de milho.
Na região de Frederico Westphalen, com cerca de 11,9% da área destinada à cultura, as lavouras encontram-se principalmente em maturação. As lavouras já colhidas apresentam boa qualidade de grãos. Produtores seguem com pedidos de cobertura de seguro para as lavouras em áreas mais afetadas pela estiagem.
Na região de Caxias do Sul, a cultura tem sentido a deficiência hídrica no solo e da umidade relativa do ar, principalmente nas lavouras que se encontram nos estádios fenológicos de florescimento e formação de grãos, reduzindo o potencial produtivo nessas áreas. As tardias que se encontram em desenvolvimento vegetativo se beneficiaram com as últimas chuvas, refletindo na manutenção do potencial produtivo.
Na região de Soledade, 32% das áreas se encontram na fase de desenvolvimento vegetativo, 6% em floração e 62% em enchimento de grãos. Metade da área da região é implantada em restevas da cultura do tabaco, e a maior parte dessa área está em implantação. Nas que foram implantadas, a fase é de desenvolvimento vegetativo, e o impacto da estiagem nessas lavouras deve ser menor. Os efeitos do tempo seco e das elevadas temperaturas nas lavouras do cedo forçam a maturação do milho, produzindo uma espiga de tamanho reduzido e com menor peso de grãos; com esse quadro, a produtividade pode chegar a 95 sacas por hectare, muito menos que a estimativa de 165 sacas.
Na região de Passo Fundo onde há 8,2% da área do Estado com a cultura, as lavouras estão principalmente em floração e enchimento de grãos.
Produtores solicitam verificação para cobertura de seguro. Na região de Erechim, com 5,7% da área do Estado, o principal estágio em que a cultura se encontra é enchimento de grãos, em 70% da área implantada; 10% da área foi colhida, com redução na produtividade. As chuvas que ocorreram na semana que passou amenizaram o déficit e as perdas.
No Vale do Taquari, o milho é cultivado tanto para produção de grãos como para silagem. Dos 90 mil hectares previstos, 60% se destinam à silagem e 40% para produção de grãos. Nesta safra, no entanto, em função dos prejuízos causados pela falta de chuvas, tem ocorrido o corte para silagem de lavouras de milho, inicialmente destinadas à produção de grãos.
As perdas variam conforme a época do plantio. Das lavouras plantadas no cedo, que representam 30% do total, a maior parte foi destinada para silagem. Estas foram afetadas pelo excesso de chuvas ocorridas durante a germinação e o início do desenvolvimento vegetativo, principalmente em outubro, onde ocorreram mais que 400 mm de chuvas. As lavouras ficaram com estande de plantas desuniforme e população abaixo da recomendada.
O milho conseguiu florescer e encher o grão, porém teve perdas em termos de volume e qualidade. Nas lavouras plantadas em outubro, o milho floresceu em plena estiagem, dificultando a maior parte da fecundação da espiga. Metade das lavouras foram plantadas em novembro e dezembro, e se encontram em desenvolvimento vegetativo e pré-floração, e apesar da estiagem ter comprometido o seu desenvolvimento, não há condições de contabilizar perdas. A estiagem ocorrida nas últimas semanas fez a planta do milho praticamente secar, impulsionando o agricultor a fazer a ensilagem precocemente, com consequente perda de produtividade de massa verde e de qualidade.
Na região de Bagé, as lavouras seguem em desenvolvimento retardado, e, com a retomada da umidade no solo, esse quadro melhorou e produtores realizam tratos culturais, como aplicação de herbicidas e de ureia e controle de lagartas.
Na região de Pelotas, onde estão implantados 7% das lavouras de milho do Estado, a maior parte delas estão em desenvolvimento vegetativo. Ocorreram chuvas esparsas na região toda, com distribuição muito irregular. Nos locais com maiores volumes, houve melhoria na umidade do solo, permitindo a recuperação das plantas e possibilitando alguma produção de grãos ou massa verde para silagem. As lavouras mais adiantadas são mais prejudicadas pela estiagem.
Na região de Santa Maria, a maior parte das lavouras está em enchimento de grão. Após as chuvas do final da semana passada, a semeadura foi retomada. Como boa parte das lavouras são destinadas à produção de silagem, há preocupação com relação à reserva de alimentos aos rebanhos para o período outono-inverno.
Na região de Porto Alegre, a cultura corresponde a 4,4% da área do Estado. As chuvas da última semana foram determinantes para retardar e atenuar os efeitos da estiagem no milho, que se encontra na maior parte no estádio de desenvolvimento vegetativo. As lavouras em floração e enchimento de grãos foram bastante prejudicadas no seu desenvolvimento devido à estiagem. Algumas áreas inicialmente implantadas para produção de grãos estão sendo direcionadas à produção de silagem a fim de reduzir perdas. Algumas lavouras estão sendo utilizadas para pastejo animal, tendo em vista o comprometimento de sua produção e da carência de pastagens para os animais.