Dólar recua 0,22% com sinais de avanço na pauta de reformas

O dólar comercial fechou em queda de 0,22% no mercado à vista, cotado a R$ 5,4420 para venda, em sessão de
forte volatilidade, influenciado pelo movimento no exterior, onde perdeu valor para as principais moedas de países emergentes. Aqui, após o estresse provocado pela troca de comando na Petrobras pelo presidente Jair Bolsonaro,
alguns sinais de avanço na pauta de reformas pela política trouxeram um pouco de alívio aos ativos locais.

“Tivemos um dia de leve recuperação no dólar, após a forte alta na véspera [quando a moeda chegou a operar a R$ 5,53]. Essa recuperação vem do aumento da expectativa de alta da taxa Selic após esse risco político vindo com a ingerência na Petrobras. Como gerou uma pressão na curva de juros, essa expectativa de alta da taxa de juros ganha força”, comenta o economista da Guide Investimentos, Alejandro Ortiz.

Lá fora, em meio à alta dos títulos de dívida do governo norte-americano, as treasuries – com o título de 10 anos operando no maior nível em 12 meses, entre 1,35% e 1,40% – o mercado reagiu às falas do presidente do Federal
Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, sobre inflação em uma audiência no Congresso.

O gerente da mesa de câmbio da Correparti, Guilherme Esquelbek, destaca que a moeda estrangeira acelerou as perdas após Powell ressaltar que será “apropriado” manter a taxa de juros próximo de zero por um longo período.
“Além de afirmar que o Fed está fortemente comprometido com os objetivos de máximo emprego e de inflação”, acrescenta.

Aqui, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, voltou a reforçar que a prioridade na agenda de votações na Casa está nas pautas reformistas nos primeiros meses deste ano. Após prometer que os trâmites da reforma
administrativa começam no próximo mês, o parlamentar levantou a possibilidade da reforma tributária ser entregue até setembro ou outubro deste ano. Nesta segunda, em tom de promessa, ele disse que a PEC Emergencial deverá ser votada no Senado na quinta-feira. Enquanto o Orçamento de 2021 deverá ser aprovado ainda em março.

Nesta quarta, 24, com a agenda de indicadores mais esvaziada, Ortiz ressalta que o mercado deverá ficar atento ao resultado da prévia da inflação oficial do país (IPCA-15) neste mês, com o mercado apostando em alta de 0,46% na
comparação com janeiro, segundo levantamento feito pela Agência CMA.

O economista da Guide acrescenta que o patamar elevado das treasuries nos Estados Unidos devem seguir “colocando” movimentos de pressão no dólar. “Além disso, o mercado segue monitorando os desdobramentos políticos por aqui”, diz.

Por Agência Safras