Mais Milho

Cigarrinha do milho: uso de biológicos pode ajudar a reduzir efeito da praga

Produtores de Lucas do Rio Verde (MT) acumulam tombamento de plantas nos milharais devido à presença do inseto, que aumentou nesta safra

Há 32 anos, os irmãos Barzotto saíram do Rio Grande do Sul para se estabelecerem em Lucas do Rio Verde, Mato Grosso. Cleber Barzotto, produtor rural, é um deles. Hoje a família planta 1.720 hectares de soja e milho, e ainda uma terceira safra de feijão irrigado, de 270 hectares.

Nessas mais de três décadas, Cleber lembra que foram muitos os desafio. E agora, mais um: na segunda safra de milho do ano passado, ele foi pego de surpresa por uma praga que causou muitos prejuízos.

Quebra de produção

“Eu acredito que de 20% a 30% houve uma quebra grande da produção do ano passado. Porque aí nós não tínhamos conhecimento e quando percebemos o problema, o dano já estava feito. Não tinha mais o que fazer”, afirma o produtor.

O problema é a cigarrinha do milho, que voltou também nesta safra. Acompanhados por Renan, que é engenheiro agrônomo e sobrinho do Cleber, a equipe do Canal Rural deu uma volta pelo milharal. Mesmo com a lavoura na fase final, ainda é possível encontrar o inseto. Basta uma pequena área verde na folha, e lá está ela.

Tombamento do milho

Nós temos um exemplo da pior consequência do ataque da cigarrinha, quando o pé de milho perde a sustentação e tomba. Na fazenda de Cleber e Renan Barzotto, a área afetada pelo problema chega a 50 hectares.

“Esse tombamento não é um prejuízo só de peso de grão, porque esse pé que está no chão dificilmente a máquina com a plataforma de milho consegue juntar. Então praticamente tudo no chão está perdido”, diz o engenheiro.

População de cigarrinha

O aumento da população da cigarrinha é um problema que tem atingido boa parte das lavouras de milho do país, de acordo com o especialista Paulo Roberto Garollo. Segundo ele, o inseto vem se adaptando e modificando alguns hábitos. Até pouco tempo atrás, o controle podia ser feito com eficiência até o pé de milho atingir dez folhas. Agora, por conta desse aumento populacional, a cigarrinha tem permanecido na planta enquanto há alimento, como foi visto na fazenda dos Barzotto. Por isso, a orientação é expandir o período de manejo.

“Se ele perceber que continua tendo populações altas da praga, ele precisa fazer manejo de novo. E a minha sugestão é que entre neste momento usando produtos biológicos. Eles não oferecem impacto no ambiente, então, ecologicamente falando, ele é muito melhor e, neste momento, não tem pressa em tempo de matar a praga mas sim precisa ter eficiência na morte da praga. Se ele trabalhar só com biológicos, que vai levar 48 horas para paralisar a praga mas, neste momento independente dele transmitir a doença ou não, para a planta já não tem mais efeito. O que ele precisa é não deixar aumentar a população. O biológico, na minha visão, é uma recomendação extremamente interessante, no pós-florescimento, depois que polinizou e cruzam já entra com a aplicação do biológico, no mínimo duas aplicações. Isso vai ajudar muito a diminuir esse efeito da continuidade da praga”, indica o engenheiro agrônomo especialista na cultura de milho.

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