Mais Milho

Mais Milho: Santa Catarina é um dos estados mais afetados pela cigarrinha

O inseto sobrevive em locais mais quentes e é portador de mollicutes, que são microrganismos que infectam a planta, causando doenças conhecidas por enfezamentos  

Na semana passada, o Rural Notícias mostrou uma reportagem sobre os prejuízos registrados na lavoura de milho devido ao ataque das cigarrinhas. Santa Catarina é um dos estados mais afetados e deve ter uma queda na produção de mais de um milhão de toneladas.

De cor branco-palha ou acinzentada, a cigarrinha se alimenta da seiva da planta do milho. O inseto sobrevive em locais mais quentes e é portador de mollicutes, que são microrganismos que infectam a planta, causando doenças conhecidas por enfezamentos.

“O enfezamento é uma doença sistêmica que causa distúrbios fisiológicos na planta do milho. Tem alguns sintomas típicos, como estrias descolorante esbranquiçadas, amarelecimento e avermelhamento das folhas, requeima nas bordas das folhas, redução na altura da planta, má formação da palha e da espiga, espigas pequenas, mal formadas, deformadas e proliferação de espigas. Também pode ocorrer morte precoce. Então, esses distúrbios fisiológicos causam redução na produtividade, esse é o problema, redução na produtividade”, disse o pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo Walter Meirelles.

A praga pode reduzir até 70% do potencial produtivo da lavoura. A colheita no Centro-Sul do país já avança para mais de 20%. Santa Catarina é um dos estados mais afetados, com um prejuízo que já era previsto pela seca e que agora se agravou com o ataque das cigarrinhas. Das 2,7 milhões toneladas previstas para esse ano, a produção não deve passar de um milhão e 500 mil toneladas. Para amenizar os prejuízos o cuidado no manejo deve ser redobrado.

O produtor deve eliminar todas as plantas tigueras, que nascem de grãos perdidos da safra passada e servem de ponte para a doença. Outra medida é evitar várias datas de plantio. “A cigarrinha voa e migra de uma lavoura mais velha para uma lavoura mais nova atacando as plantas mais jovens que, quando picadas pela cigarrinha contaminada, são mais sensíveis aos danos da doença”, disse Walter.

Outro cuidado indicado é fazer o tratamento de sementes no início do plantio. É importante também utilizar cultivares mais tolerantes, que podem variar de acordo com a região. “Pedimos até uma atenção das empresas fornecedoras de híbridos que, para o próximo ano, procure nos oferecer sementes com nota mais elevada, no sentido de serem tolerantes a essa praga, porque não sabemos se o ano que vem ela se repete ou não”, explicou o engenheiro agrônomo Otacílio Pasa.

Durante o ciclo, é preciso monitorar a lavoura e aplicar defensivos agrícolas. A nutrição correta da planta também é fundamental, conforme apontou o engenheiro Vinicius Bodanese Demarch. “A gente sabe que planta bem nutrida, principalmente de cálcio, magnésio e potássio, são mais resistentes ao ataque de qualquer praga, seja lagarta ou insetos sugadores”.

De acordo com a Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), devido à seca e ao ataque das cigarrinhas em várias regiões produtoras, em 2021 o Brasil não deve colher o volume estimado de 110 milhões de toneladas. Mesmo assim, a produção deve superar a do ano passado.

“Vai ficar abaixo daquilo que a gente esperava, que a gente programava. Mas pode ser que a gente cresça acima dos 102 milhões de toneladas do ano passado. É bem provável que a gente cresça sim”, disse o presidente Institucional da Abramilho, Cesário Ramalho da Silva

Outra boa notícia é que os preços devem continuar em alta. “O que oscilar, vai oscilar em torno de R$ 75 a R$ 73. Isso tem oscilação de uma semana,10 dias, mas o mercado como um todo tá bom. O milho tem demanda, então, pode o agricultor se preparar e trabalhar. Nós temos o fator China. A China que praticamente não importou nada, mas vai importar um pouco de milho esse ano”, finalizou Cesário.