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Milho: geadas podem prejudicar ainda mais o milho 2ª safra, diz Aprosoja

Os principais estados produtores da cultura já iniciaram a colheita e registram perda de produtividade em relação a anos anteriores

Os agricultores brasileiros iniciaram a colheita do milho segunda safra, temporada 2019/2020, nos principais estados produtores. De acordo com levantamento realizado pela Safras & Mercado, até a última sexta-feira, 29, cerca de 0,4% da área plantada já havia sido colhida no Brasil. O percentual colhido até o momento está em linha com a média dos últimos cinco anos, ainda conforme dados da consultoria.

Em Mato Grosso, principal produtor do cereal na segunda safra, a área colhida chegou a 1,53% até a última semana, segundo reporte do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). No mesmo período do ano anterior, os produtores já haviam colhido 3,52% da área cultivada com o grão.

A produção de milho mato-grossense deverá ficar em 32,71 milhões de toneladas, aumento de 1,39% em relação ao ano passado. Já a queda na produtividade nesta safra, de 106,01 sacas por hectare, projetadas inicialmente, para 104,98 sacas por hectare, deverá ser compensada pelo aumento na área plantada de 6,9%, chegando a 5,19 milhões de hectares.

“O cenário reflete a falta de umidade no solo em algumas regiões do estado, principalmente no centro-sul, oeste e sudeste. As chuvas ocorridas nesta safra estão aquém da última temporada e o período reprodutivo da cultura, que possui maior sensibilidade ao déficit hídrico, foi prejudicado nas regiões acima citadas. Com isso, a produtividade ficou 0,97% abaixo da última estimativa e 5,15% menor que o rendimento médio da safra 2018/19”, informou o Imea.

Na propriedade do agricultor Hugo Garcia, em Santa Rita do Trivelato, o clima contribuiu e a produtividade média das lavouras de milho está em 185 sacas do grão por hectare, aumento de 20% ante o ano anterior. A colheita já ultrapassa 20% dos 1.870 hectares plantados nesta safrinha.

Em Sorriso, conhecida como a capital nacional do agronegócio, o agricultor Eloni Mariani já colheu em torno de 10% dos 3.000 hectares cultivados neste ciclo. Até o momento, o rendimento médio das lavouras alcança 126 sacas de milho por hectare.

Paraná

Enquanto isso, no Paraná, segundo maior produtor do cereal na segunda safra, a colheita atingiu 2% da área plantada até a última semana, de acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral). As lavouras do cereal foram severamente prejudicadas por uma das piores estiagens dos últimos anos no estado.

Consequentemente, o Deral revisou para baixo sua estimativa para a produção de milho nesta safra, para 11,26 milhões de toneladas. A projeção representa queda de 15% em relação ao volume colhido no ciclo 2018/2019, de 13,24 milhões de toneladas do grão.

Em Quarto Centenário, o agricultor Ademilson Bizetti acompanha no campo a redução na produtividade do milho nesta temporada. “Iniciamos a nossa colheita do cereal plantado em 22 de janeiro, que também sofreu com a estiagem no Paraná. O rendimento médio está próximo de 68 sacas de milho por hectare, contra as 100 sacas do grão produzidas no mesmo lote no ano anterior”, afirma o produtor.

Além da estiagem, o clima frio previsto em junho e a possibilidade de geadas ainda preocupam os produtores e podem elevar as perdas já consolidadas, na avaliação da Aprosoja Paraná. “Os produtores avançaram o plantio do milho em março, então se tivermos geadas, as perdas poderão ser agravadas”, reforça o presidente da entidade, Márcio Bonesi. Até o momento, a projeção da Aprosoja Paraná é de perda de 30% nesta safra, com produção estimada em 9,5 milhões de toneladas de milho.