Alimentação global depende de fluxos comerciais, alerta IICA | Canal Rural Paste this at the end of the tag in your AMP page, but only if missing and only once.

Agronegócio

Alimentação global depende de fluxos comerciais, alerta IICA

Não haverá segurança alimentar sem um comércio internacional fluido e transparente, segundo especialistas no foro de Roma

O comércio internacional é fundamental para a segurança alimentar global e para o desenvolvimento econômico e social das comunidades rurais – nisto coincidiram especialistas de diversos continentes na Pré-Cúpula de Sistemas Alimentares da ONU, realizada em Roma entre 26 e 28 de julho.

“A contribuição do comércio agrícola internacional para sistemas alimentares sustentáveis” foi o título do painel que chamou a atenção sobre a necessidade de se corrigir as restrições e distorções que emperram a distribuição de alimentos.

As palestras aconteceram no foro preparatório para a Cúpula de Sistemas Alimentares que se realizará em setembro na sede das Nações Unidas, em Nova York.

Os dois encontros globais foram convocados pelo Secretário-Geral Antonio Guterres com o propósito de transformar a forma de produção e consumo de alimentos e de acelerar medidas que favoreçam o cumprimento dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

Os participantes do painel foram: o Embaixador Alexandre Parola, Representante Permanente do Brasil junto à Organização Mundial de Comércio (OMC); Jaine Chisholm Caunt, Diretora Geral da Associação de Comércio de Grãos e Alimentos (GAFTA), que agrupa mais de 1.800 companhias que vendem commodities em 98 países; Jared Greenville, Diretor Executivo da Agência Australiana de Economia e Ciências Agrícolas (ABARES); e Lynn Ng, Diretora Gerente do Setor de Commodities e Alimentos da companhia ING.

O Diretor Geral do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), Manuel Otero, respondeu pelas conclusões e pelo encerramento do debate, cuja abertura foi feita por Máximo Torero, Diretor Geral Assistente da FAO.

A importância de um comércio internacional fluido para a erradicação da fome e da pobreza extrema foi ressaltada pelos expositores, que enfatizaram a necessidade de se fortalecer a cooperação internacional a fim de se assegurar a distribuição transparente dos alimentos.

Nos eventos preparatórios da Pré-Cúpula e da Cúpula, o IICA insistiu em que a questão do comércio internacional não tinha sido adequadamente reconhecida na agenda dos foros globais.

A região da América Latina e do Caribe é a maior exportadora líquida de alimentos – com uma parcela de 14% do comércio internacional – e, por isso, está destinada a cumprir um papel fundamental na obtenção da segurança alimentar global.

Neste painel, o Diretor Geral do IICA ressaltou a necessidade de que os temas relacionados com o comércio tenham uma presença forte na Cúpula, entendendo que os fluxos comerciais devem ser vistos como a maneira mais curta de conectar produção e consumo.

Neste sentido, a eliminação dos subsídios às exportações e das barreiras não aduaneiras que distorcem os mercados internacionais de alimentos é fundamental tanto para se assegurar o acesso das populações vulneráveis aos alimentos em todo o planeta como para favorecer a rentabilidade e o bem-estar das comunidades rurais.

“O comércio internacional é um elemento essencial dos sistemas alimentares porque permite conectá-los e, portanto, torná-los mais eficientes em termos econômicos”, disse Otero.

“Graças ao comércio”, acrescentou, “é possível consolidar a segurança alimentar e nutricional, melhorar o acesso a alimentos a preços estáveis para os setores mais desfavorecidos, facilitar uma diversificação maior da produção e das dietas e impulsionar as transferências de tecnologias”.

O Diretor Geral do IICA destacou a necessidade de se modernizar e fortalecer o sistema multilateral e de promover políticas nacionais e internacionais que criem condições para um comércio mais fluido e transparente.

Neste contexto, considerou fundamental favorecer-se a liberalização do comércio e assegurar-se que a imposição de regulamentações sanitárias e fitossanitárias se baseiem na ciência.

Destacou, em especial, a importância de se evitar que os requisitos de sustentabilidade se convertam em novas barreiras não aduaneiras e de que se reconheça que há diferentes caminhos para se chegar ao objetivo.

O IICA coordenou o longo processo de discussão entre os seus 34 Estados membro que resultou em uma posição convergente das Américas frente aos foros globais sobre a transformação dos sistemas alimentares. Os países americanos decidiram destacar o papel indispensável da agricultura para a erradicação da pobreza, a promoção do desenvolvimento rural e a melhoria da conservação do meio ambiente.

O olhar do Hemisfério está moldado em um documento com 16 mensagens; a quarta delas se refere ao comércio e declara: “O comércio internacional aberto, transparente e previsível é central para um sistema alimentar global eficiente e deve ser regido por normas multilaterais, promovendo a liberalização agrícola e reduzindo as restrições aduaneiras e não aduaneiras. É fundamental que o sistema multilateral desempenhe papel cada vez mais ativo para limitar e reduzir a distorção do comércio e da produção e fomentar a adoção e a aplicação de medidas sanitárias e fitossanitárias baseadas em ciência”.

“Na perspectiva dos ministros da agricultura do Hemisfério Ocidental, o comércio não é apenas importante: é também vital para a sustentabilidade da agricultura nas suas três dimensões – social, ambiental e econômica”, resumiu Otero.

“O nosso sistema comercial”, concluiu, “deve ser melhorado e modernizado para o século XXI. Se esta Cúpula se propõe a trabalhar para fortalecê-lo, deve-se assegurar que as decisões sejam tomadas com base na ciência e que contribuam para que as nações continuem compartilhando a riqueza da sua produção agrícola com um mundo que necessita cada vez mais de alimentos”.

Sair da versão mobile