De julho a setembro deste ano, o Banco do Brasil, maior agente financeiro da safra agrícola, liberou mais de R$ 27 bilhões. Volume 30% superior em comparação com mesmo período do ano passado. Vem muito mais crédito aos produtores rurais?
Osmar Dias: Isso demonstra o momento que vive o agronegócio brasileiro, porque em relação à safra 2011/2012, nós crescemos no ano passado de 32%, o Banco do Brasil. O Banco que participa com 65% e 66% de todo mercado de crédito para agricultura brasileira indica se a agricultura está ou não crescendo. A importância do crédito é exatamente proporcionar ao produtor, modernizar sua atividade.
E há muitas novidades neste atual plano agrícola e pecuário? O Banco do Brasil pela primeira vez foi convidado para participar da política que foi criada?
Osmar Dias: O programa de armazenagem que está aí para oferecer aos produtores recursos de crédito com 15 anos pra pagar, três anos de carência, é para resolver um dos maiores problemas que a agricultura tem que é logística. O Brasil tem hoje 60 milhões de déficit de armazenagem. Isso aumenta custo, perdas, e nós queremos combater isso financiando a construção de armazéns. A outra linha de crédito importantíssima é a da inovação, porque o produtor precisa ser estimulado com crédito barato a levar pra sua propriedade uma tecnologia que seja atual, moderna que aumente a produtividade. E ao mesmo tempo lhe dê mais renda. Nós começamos ofertando RS 1 bilhão para os produtores este ano, também com taxa de juros muito baixar 3,5%.
Código florestal, os produtores rurais precisam cumprir as exigências ambientais e que tipo de créditos eles tem à disposição?
Osmar Dias: O Banco do Brasil tem hoje 88% da linha de crédito do Agricultura de Baixo Carbono (ABC). Isso é um orgulho para gente, porque é agricultura moderna, onde você produz e preserva os recursos naturais, integra lavoura, pecuária e floresta. Nós colocamos dentro dessa linha de crédito a possibilidade para o produtor cumprir a legislação ambiental, ele vai precisar repor reserva legal, repor área de preservação permanente, e às vezes, ele não tem dinheiro para comprar, adubar, plantar, financiando com 15 anos de prazo, três de carência também, o produtor vai ter formas de cumprir a legislação ambiental sem sacrificar o seu capital naquele momento.
Agora a crítica dos produtores rurais com relação ao programa ABC, é que no caso daqueles que vivem na Amazônia Legal ou no Distrito Federal, não tem título de posse da terra, não tem garantia de pegar esse dinheiro. É uma equação difícil de ser resolvida?
Osmar Dias: Nós precisamos cumprir essas regras, e uma delas é que temos que oferecer o crédito, mas ter garantias. Essa garantia é o título de propriedade. O produtor, para resolver o problema, creio que há uma solução, que é o programa Terra Legal, que precisa legalizar esses lotes. Isso vai ajudar muitos produtores que não conseguem acesso às linhas de crédito, não é só ABC, mas outras linhas de armazenagem, compra de máquinas, equipamentos e caminhões, tudo isso ele fica fora desse mercado.
Taxa de inadimplência…
Osmar Dias: O Banco do Brasil tem uma taxa de inadimplência considerando 90 dias depois do vencimento da parcela, que está muito abaixo da nossa média que é 2,5%. Mas a carteira de crédito rural que tem 130 bilhões emprestados tem taxa inadimplência de 0,68%. Ou seja, menos de 0,7%, Isso é motivo de orgulho porque a gente pode confiar no produtor que confia também naquilo que o banco está fazendo.
O senhor também participa das discussões para que o Brasil aumente a produção de trigo?
Osmar Dias: Este é um sonho antigo do produtor, principalmente do Sul do país, e começa agora a ter no Centro-Oeste. Nós já temos na região central do país uma área pequena em relação ao total de 50 mil hectares, mas que já mostra a viabilidade do trigo irrigado. O Brasil está importando de 10,5 milhões que consome, cerca de 6,600, às vezes, sete milhões de toneladas. Para alcançar não a auto-suficiência do trigo, isso exigiria muito investimento, mas pelo menos chegar a 70% do que é necessário para consumo interno. A gente tem que começar com seguro que garanta aos produtores segurança de que tendo um problema climático, ele vai ter o seguro e o governo tem que subvencionar 70% desse prêmio.
Nós estamos propondo que o governo também possa colocar em prática um seguro de faturamento, para precaver o produtor de oscilações que ocorrem normalmente no mercado do trigo, especialmente o preço de garantia, que é o principal. Um preço de garantia para que o produtor confie e que aquele preço, pelo menos, garante os investimentos que ele está fazendo nessa cultura.