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Soja

Estiagem: Aprosojas estimam perda de até 14 milhões de toneladas de soja

Falta de chuva e temperaturas elevadas nas principais regiões de cultivo assustam produtores e eliminam chance de novo recorde para colheita da oleaginosa no Brasil

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Foto: Márcio Pavani/arquivo pessoal

A combinação entre a falta de chuva e temperaturas elevadas em importantes estados produtores de soja vai afetar sensivelmente o resultado da safra brasileira 2018/2019. Ainda não há dados consolidados para quantificar a quebra em função da estiagem. No entanto, o Canal Rural entrou em contato com unidades da Associação de Produtores de Soja (Aprosoja) dos estados mais afetados pela seca para apurar uma estimativa do prejuízo. Levando-se em conta as projeções das entidades estaduais e o mais recente levantamento de safra da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a quebra pode chegar a algo em torno de 14 milhões de toneladas.

Foram consultadas as associações de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e São Paulo. Os números ainda não são oficiais, mas justificam a preocupação de produtores, entidades do setor e consultorias de mercado.

O total estimado pelos produtores supera o número levantado pela Agrinvest Commodities, que, nesta quinta-feira, dia 27, divulgou com exclusividade ao Canal Rural a projeção de safra de soja já contabilizando a quebra em razão da estiagem. De acordo com Marcos Araújo, analista da Agrinvest, a redução no atual ciclo será de 8 milhões de toneladas.

Já para a Safras & Mercado, ao menos 10% da produção estimada – o equivalente a 12 milhões de toneladas – estaria em risco por conta do clima. Outras consultorias falam em quebras menos bruscas, mas de ao menos 3 milhões de toneladas.

Arte: Canal Rural

Quebra de safra

Segundo a AgRural, o tempo quente e seco ameaça a produtividade das lavouras semeadas mais cedo, que agora atravessam a fase de enchimento de grãos. A consultoria afirmou que irá revisar a sua projeção de safra para as áreas de verão do Sul do país devido ao clima.

Seja qual for o número final das perdas, o cenário atual da cultura afastou em definitivo a possibilidade de uma nova safra recorde para a soja. De acordo com o mais recente levantamento da Conab, divulgado no início de dezembro, o Brasil produziria 120,066 milhões de toneladas de soja na safra 2018/2019, um acréscimo de 0,7% sobre a temporada anterior. Agora, em consequência da redução de produtividade em importantes polos de produção, o total poderia variar entre 106 milhões e 117 milhões de toneladas, levando em conta as estimativas iniciais de produtores e consultorias.

Situação nos estados

No Paraná, a Aprosoja local estima quebra de 30% na safra. Ali, nem mesmo a chegada de chuva ajudou os agricultores, pois os volumes não foram suficientes para reverter o efeito da estiagem prolongada.

“É desesperador ver a soja morrer. Saber que não vai dar colheita e tem muito compromisso para ser cumprido”. A fala do vice-presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Paraná (Aprosoja-PR), José Sismeiro, sintetiza o cenário desesperador enfrentado pelos sojicultores do estado.

Ele acredita que a perda será elevada. “Quem plantou mais tardiamente terá uma produtividade melhor, mas nada do que estamos costumados a colher”, diz.

Outro estado onde a cultura foi muito afetada é Mato Grosso do Sul. Ali, cerca de 20% da produção de soja teria sido perdida com a seca, informou a Associação dos Produtores de Soja do estado (Aprosoja-MS) nesta quinta-feira.

Segundo o presidente da entidade, Juliano Schmaedecke, as precipitações têm sido irregulares em Mato Grosso do Sul. “Lugares ganhando até 90 milímetros e outros, a 15 quilômetros, estão há 35 dias sem chuvas”.

Produtores de Rio Brilhante, na metade sul do estado, relatam que a umidade voltou para algumas áreas mas ainda não foi o suficiente.

A Aprosoja de Goiá estima perdas entre 10% e 15% nos cultivos do estado. Por lá, alguns municípios ficaram cerca de 20 dias sem receber chuva. “A situação é um pouco diferente da de outros estados; ainda não conseguimos ver as perdas, como no Paraná e em Mato Grosso, onde a lavoura já praticamente morreu”, comenta o presidente da entidade, Adriano Barzotto.

Em Mato Grosso, o agricultor Alex Roberto Arruda, de Primavera do Leste (MT), fala em prejuízo de R$ 1 milhão por causa da estiagem. De 2.000 hectares plantados, ele estima já ter perdido 70%.

Em Barretos, no interior de São Paulo, desde 2 de dezembro não chove, segundo o produtor Gilvan Orlovicks, que calcula perder 40% da produtividade nos 726 hectares em que cultiva soja.

Volmir Orlando, que tem propriedades nos municípios goianos de Rio Verde, Montividiu e Paraúna, estima que 10% dos 6.000 hectares cultivados devem ser perdidos pela falta de chuvas que castiga a região por 15 dias.

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