Prática proibida no Brasil é bastante comum entre nossos vizinhos que tem altos custos para tentar evitar perdas com a ferrugem asiática. Produtividades obtidas não superam nem 30 sacas por hectare
Roberta Silveira, de Santa Rita (PY)
Não é a toa que os principais estados produtores de soja do Brasil proibiram a semeadura da soja segunda safra. Baixa produtividade, ponte verde para doenças como a ferrugem asiática, altos custos e preços baixos na venda do grão estão mostrando aos paraguaios, que insistem em cultivar soja sobre soja, que isso não é rentável.
A justificativa de muitos é que esta semeadura serve para fazer sementes. Até pode ser que alguns façam mesmo, mas a verdade é que a cultura é a que possui melhores preços no mercado e os produtores acham que podem conseguir uma remuneração melhor. Falsa impressão, pois os custos da soja também são mais altos que as outras culturas e assim é preciso conseguir uma produtividade mínima para arcar com este gasto.
O produtor explica que o atraso do plantio prejudicou o desenvolvimento da lavoura. “Esse problema climático não aconteceu agora. Veio antes, durante a soja primeira safra e atrasou o ciclo normal da soja. Com isso, a soja segunda safra atrasou para ser cultivada e muitos dias ficaram encobertos o que atrapalhou o desenvolvimento”, conta Matte.
A justificativa para manter esta soja de segunda safra, é que o clima de março a maio é melhor para a qualidade da semente produzida, do que de dezembro a março, por causa das temperaturas mais elevadas. “Não conseguimos tirar uma semente de qualidade em janeiro e fevereiro por causa da alta temperatura. Então, agora com a temperatura mais baixa, a semente vem com bom vigor e qualidade”, garante o produtor Jackson Bressan, que também é um brasiguaio.
Só que os argumentos do produtor não se sustentam, pois para elevar o cuidado com a doença é preciso gastar mais. A estimativa dos paraguaios é que se a colheita não chegar a, pelo menos, 30 sacas por hectare, na média, o produtor fica no prejuízo. Se usarmos o exemplo do produtor Matte, dá para perceber que as contas para justificar a segunda safra de soja estão bem complicadas. “Temos que fazer no mínimo três aplicações com fungicida e ir cuidando para a planta não morrer por conta da ferrugem. Aprendemos em outros anos que a ferrugem nos deixa com o bolso vazio, né. Então, temos que fazer o manejo, só que o custo eleva. E se a gente não colher bem, já fica inviável”, afirma outro produtor brasiguaio, Márcio da Silva Tarka.