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PREJUÍZO

Produtor do RS não consegue vender a soja por excesso de umidade no grão

Emerson Peres, de Camaquã, retirou amostras e ofereceu à indústria. Quantidade de ardidos é outro fator que leva à recusa da compra

O município de Camaquã, no Rio Grande do Sul, é um dos 336 em estado de calamidade pública pelas fortes chuvas. Por lá, cerca de 50% da soja ainda precisa ser colhida.

“É uma situação calamitosa. A soja está encharcada e as máquinas não conseguem colher porque está ‘embuchando’, não está saindo do graneleiro”, relata o produtor e consultor Emerson Peres.

Ele conta que retirou amostras de sua área de 70 hectares para oferecer à indústria, mas duas empresas já recusaram a compra porque o grão estava com quase 30% de umidade, além de 34% de ardidos.

“O seguro não me serve”

Peres conta que o seguro que contratou cobre perdas de até 24 sacas de soja por hectare. “Mas ao apresentar o sinistro, é preciso esperar o fiscal vir, colher, retirar uma amostra, armazená-la em uma big bag e pesar. Mesmo que os grãos estejam podres, o seguro vai contabilizá-los”, queixa-se o produtor.

Segundo ele, pelos anos anteriores, a sua lavoura tem potencial de cerca de 60 a 70 sacas por hectare. “Se eu acionar o seguro e esses grãos podres forem colhidos, logicamente a produção passará de 24 sacas por hectare em termos de peso. Só que essa massa de grãos não serve para nada porque ninguém vai querer comprar. Mesmo assim, o seguro utiliza esse peso para atestar a produtividade”.

Colheita de soja no estado

soja estragada umidade podre
Manaíra Lacerda/Canal Rural

A colheita da oleaginosa atingiu 76% da área em todo o Rio Grande do Sul, de acordo com a Emater-RS. Isso significa que cerca de 1,6 milhão de hectares dedicados à cultura ainda precisam ser retirados do solo.

Contudo, ainda não se sabe o quanto dessa área sofreu com inundação. Pelo potencial produtivo, significaria que cerca de cinco milhões de toneladas poderiam estar perdidas. No entanto, para a analista de Grãos e Oleaginosas do Rabobank, Marcela Marini, é seguro dizer que até dois milhões de toneladas do grão correm sério risco.

“Quando olhavámos para o clima que impactou negativamente a produção em Mato Grosso, que perdeu cerca de 10 milhões de toneladas, avaliavámos que o Rio Grande do Sul compensaria essa queda, mas isso não vai mais acontecer”, diz.

O último levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), de abril, indicava que o estado produziria 21,8 milhões de toneladas de soja. Porém, a estimativa de agora é que dificilmente ultrapasse as 20 milhões de toneladas.

Outro produtor que tem relatado sérios problemas na lavoura é o Jorge Iglesias, de Rio Grande. Apesar de o município não estar na lista dos que declararam estado de calamidade pública, ele conta que as chuvas castigaram o campo.

“Quem cultiva arroz conseguiu salvar a produção por aqui, mas a soja, pelo que observei, não vai sobrar nada. É uma situação sem precedentes. Estamos sem saber o que fazer, para onde correr”, declara.

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