Se prêmio subir mais, soja brasileira não compensará para os chineses | Canal Rural Paste this at the end of the tag in your AMP page, but only if missing and only once.

Se prêmio subir mais, soja brasileira não compensará para os chineses

Caso o bônus pago nos portos atinja um patamar acima de US$ 280 cents por bushel, até o grão americano com taxa de 25% valerá mais a pena

Daniel Popov, de São Paulo
Alguns especialistas já vinham alertando que o embate comercial entre Estados Unidos e China não traria só vantagens ao setor da soja brasileiro. Com as recentes elevações do prêmio pago pelo grão nos portos do país, a oleaginosa brasileira se aproxima rapidamente de não ser tão competitiva para os chineses quanto o grão americano, mesmo com a taxa de 25% imposta pelos asiáticos.

Para que se possa entender o que está acontecendo o analista da Safras & Mercado, Luiz Fernando Gutierrez, explica que o caso não se trata só de vantagens para o Brasil, com a demanda chinesa se voltando ao país. “O Brasil deve mesmo se firmar como principal fornecedor de soja para os asiáticos. Só que em contrapartida, os EUA ganham outros mercados devido a soja mais barata”, diz.

Relembrando que a China colocou uma taxa de 25% para importação de soja dos Estados Unidos o que, em tese, encareceria o produto mais do que o brasileiro. Mas, faltou colocar nessa conta que os prêmios pagos nos portos do Brasil também estão bastante elevados, diminuindo a competitividade do produto no mercado chinês e internacional.

“Se o prêmio pago nos portos americanos continuar na faixa de US$ 55 cents por bushel, e no Brasil o prêmio atingir US$ 280 cents por bushel, os preços finais da soja pagos pelos compradores chineses seriam iguais, praticamente”, explica Gutierrez.

Atualmente, o prêmio pago no Brasil é de US$ 240 cents por bushel, com boa possibilidade de chegar aos tais US$ 280 cents por bushel até setembro, afirma o analista. “O problema não é chegar aos US$ 280 cents por bushel, mas sim o prêmio americano cair, ai o preço internacional da soja deles ficaria mais atrativo até para os chineses, mesmo com os 25% de taxa”, diz Gutierrez. “E, com a colheita da soja nos Estados Unidos, em meados de setembro e outubro, a tendência é justamente os prêmios caírem.”

Segundo o analista, o ideal é que com a queda nos prêmios dos Estados Unidos, no Brasil o mesmo aconteça.  “Por enquanto os preços do Brasil ainda estão melhores que dos americanos para enviar soja aos chineses, mas para outros países o grão dos Estados Unidos compensa mais e eles podem ganhar estes mercado no lugar do Brasil, pois ai não tem os tais 25%, que a China cobra”, conta Gutierrez. “Ou seja, ganhamos vendendo mais para a China, mas perdemos outros mercados.”

Por isso o analista diz que o fluxo de comércio mudará nos próximos meses. “Ainda é cedo pra dizer como vai ficar, mas é fato que a competição no mercado ficará acirrada, principalmente para outros países, que não a China”, diz ele.

Veja mais notícias sobre soja

Sair da versão mobile