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Sementeiras desfazem sacas de soja para vender como grão

Empresa de insumos contabiliza prejuízo superior a R$ 2 milhões e já estima redução de produção no próximo ano

Victor Gomes, Silvânia (GO)
Mais de 15% das sementes de soja disponíveis no mercado ainda não foram vendidas. Segundo as sementeiras a principal razão é que os produtores estão salvando variedades da safra passada. Com isso, algumas empresas estão desfazendo as sacas e vendendo o insumo como grão.

A cena é estranha e muitos garantem nunca ter visto algo parecido antes. Na sementeira da família Brandtner, em Goiás, os funcionários começaram a tirar as sementes não vendidas de suas embalagens e colocá-las em um contêiner. A ideia é tentar vender o insumo como grão para amenizar o prejuízo.

“Estávamos esperando que a comercialização fosse muito melhor do que acabou acontecendo. Sentimos essa mudança do mercado logo depois do final da colheita das sementes. Vimos que o produtor estava descapitalizado, e provavelmente não ia investir tanto”, conta Walter Brandtner Filho.

Agora o problema da sementeira é grande, já que só conseguiram comercializar metade da produção de sementes de soja. A expectativa é de um prejuízo de quase R$ 2 milhões, mesmo com a venda das sementes como grãos.

“Temos todo o custo com a sacaria, energia elétrica, mão de obra e a soja que tivemos que comprar de nossos cooperados. Então já temos aproximadamente 15% de prejuízos só na operação”, explica Brandtner Filho.

De acordo com a Associação Brasileira dos Produtores de Sementes de Soja (Abrass), em todo o País, mais de 15% das sementes disponíveis ainda não foram comercializadas. Para o presidente da entidade, Marco Alexandre Bronson e Souza, este foi um ano atípico.

“Acredito que 15% a 20% ainda precisam ser negociados, principalmente as regiões com plantio para novembro e dezembro. Foi um ano atípico, com comercialização lenta e preços baixos. Mas também teve a descapitalização do produtor rural e isso afetou todo o setor”, diz ele.

Uma das explicações do mercado é que os produtores salvaram as próprias sementes na safra passada para usar nesta, com o objetivo de diminuir custos. “As vezes o produtor não conseguiu crédito para fazer a safra, não está em dia com seu CPF ou algo dessa forma. Então pode estar nessa linha do endividamento, que traz uma dificuldade na comercialização e na compra dos seus insumos para iniciar o plantio. É lógico também que tem aquele produtor que busca o melhor momento, já que há uma abundância de sementes no mercado”, comenta Bartolomeu Braz, presidente da Aprosoja Goiás.

Com os produtores sem dinheiro para investir e um prejuízo nas costas, a sementeira já definiu que irá diminuir a produção de sementes para a próxima safra. “Vamos diminuir pelo menos 30 mil sacas. Vimos uma mudança de mercado e o pessoal vai salvar mais sementes. Então, acreditando que o ano que vem vai seguir essa mesma linha, pretendemos diminuir a nossa produção”, finaliza Brandtner Filho.

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