A semana começou com chuva forte no Sul, mas a condição de umidade vai mudar nos próximos dias. A umidade do solo, por consequência, diminuirá gradativamente e deverá permitir a retomada das atividades de campo no fim desta semana sobre a metade Norte do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Ao longo da fronteira do Rio Grande do Sul com o Uruguai, por outro lado, o solo permanece úmido por conta do aumento do frio, que vai diminuir a evaporação. A temperatura mínima alcança 5 °C em Lages-SC na quarta-feira, 22. Não há previsão de geadas em nenhuma área produtora vulnerável.
No interior do Paraná e de São Paulo, em Minas Gerais e em todo o Centro-Oeste, a semana será seca e muito quente. Comparando-se com a semana passada, quase não há previsão de chuva até a sexta-feira, 24, a não ser em áreas do norte de Mato Grosso, além de outras áreas produtoras do sul do Pará e do norte de Rondônia. Somente no fim de semana, a situação vai começar a mudar. Entre os dias 25 e 29 de setembro, as pancadas de chuva retornam às duas regiões, mas o acumulado será mais elevado apenas em Mato Grosso e Goiás. Algumas áreas de Goiás, como Silvânia e Rio Verde, e de Mato Grosso, como Rondonópolis, Sapezal e Alta Floresta poderão receber mais de 30 milímetros, permitindo um início de instalação ainda bastante pontual.
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Posteriormente, entre 30 de setembro e 04 de outubro, a chuva intensifica sobre o Sudeste e Centro-Oeste, além do norte do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. “Interessante perceber que neste ano, a chuva vai aumentar de forma gradativa, com poucos cortes e estiagem”, diz o meteorologista Celso Oliveira.
No período que vai de 03 a 10 de outubro, a chuva da semana será acima do normal em Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Espírito Santo, Minas Gerais, sudeste de Goiás e noroeste de Mato Grosso. Na semana seguinte, entre 10 e 17 de outubro, há previsão de chuva acima da média no Paraná, Minas Gerais, Goiás, Espírito Santo, Mato Grosso e Matopiba. E a chuva acima da média prosseguirá especialmente sobre o centro e norte do Brasil durante as duas semanas seguintes até o fim do mês de outubro. Isso garantirá uma instalação de primeira safra bem mais precoce que no ano passado e pode ser
Acumulados de chuva registrados neste fim de inverno
A chuva que fazia falta, agora aconteceu em excesso no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. Choveu frequentemente sobre o Rio Grande do Sul por 15 dias e sobre Santa Catarina por uma semana. O solo está encharcado e as atividades de campo ficaram paralisadas. Além da água, a precipitação veio na forma de granizo atingindo sobretudo áreas de tabaco nos dois estados.
No Paraná, choveu forte entre Francisco Beltrão, no sudoeste do estado, e a região de Ponta Grossa, nos Campos Gerais. Como a chuva acontece de forma mais espaçada, a umidade do solo é considerada adequada e as condições para manejo são favoráveis. Tanto que o Deral registra 28% da primeira safra de milho instalada.
O plantio de soja também começou com 1% da área instalada. Além disso, também começou a colheita do trigo com 2% da área colhida. No Rio Grande do Sul, o trigo ainda está todo no campo com quase 40% da área em florada e quase 30% da área em enchimento de grãos. Do oeste e norte do Paraná para norte (regiões Sudeste e Centro-Oeste), a umidade do solo ainda está muito baixa apesar de algumas chuvas na semana passada. Alguns produtores mais afoitos e que receberam acumulado muito elevado já começaram a semear a soja, mas isso acontece de forma pontual.
Seca ainda preocupa
Segundo a previsão do tempo, o que ainda chama a atenção no Sudeste e Centro-Oeste é o calor e as queimadas. Nas áreas de café da Mogiana e do sul de Minas Gerais, a temperatura máxima variou entre 35°C e 37°C. Para se ter uma ideia, o normal para época do ano é uma máxima de 28°C. Além disso, de acordo com o INPE, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, 920 grandes focos de queimadas foram registrados nos primeiros dez dias de setembro em áreas de cana de açúcar do Estado de São Paulo, valor 50% maior que o registrado no mesmo período do ano passado.
Em Mato Grosso do Sul, o rio Paraguai vive sua pior seca. O curso d’água está com profundidade de apenas 51 centímetros em Porto Murtinho, de acordo com a Sala de Crise do Pantanal, órgão federal. Além de todo os problemas com a fauna e flora do bioma, o rio corre para o Paraguai e Argentina. E seu baixo nível impede o embarque de produtos agrícolas para exportação. “Esta primavera será melhor do que a do ano passado, mas ainda assim longe do ideal e sem condições de reverter o déficit hídrico acumulado nos últimos 6 anos”, diz Celso.
Em uma live realizada pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), nesta terça-feira, 21, os prognósticos para a primavera 2021 ainda mostram diversas áreas do Brasil com distribuição irregular de chuva. Segundo a meteorologista do Inmet, Márcia Seabra, as variações do clima já estão acontecendo no Brasil e no mundo e há uma diminuição da quantidade de chuva em grande parte das bacias hidrográficas do Brasil, em especial no Paraná e Mato Grosso do Sul. “É preciso conscientização para fazer com que a sociedade e as atividades econômicas consigam trabalhar com estes cenários climáticos projetados”, disse ela durante live.