Corte da Selic em setembro vira maior aposta do mercado

EXPECTATIVA

Corte da Selic em setembro vira maior aposta do mercado

Pesquisa feita pelo Projeções Broadcast com 36 instituições revelou que o mercado vê espaço para redução de até 0,5 ponto porcentual de uma só vez

Embora ainda não descarte a possibilidade de um corte em agosto, o mercado passou a projetar como cenário mais provável uma redução da Selic só a partir de setembro, em reação ao resultado da reunião da quarta-feira (21) do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. Por unanimidade, o colegiado manteve a taxa básica de juros em 13,75% e, contrariando as expectativas tanto do governo quanto de boa parte dos bancos, não indicou uma data para o início da flexibilização da política monetária. O Copom pregou “cautela e serenidade” contra a inflação.

Pesquisa feita ontem pelo Projeções Broadcast com 36 instituições (entre bancos, administradoras de recursos e consultorias) mostrou que essa é agora a aposta mais forte no mercado. Dos entrevistados, 19 (53% da amostra) esperam queda da Selic apenas na reunião do Copom marcada para 19 e 20 de setembro. Nessa lista, estão nomes como JPMorgan, MB Associados e Itaú Unibanco. Do outro lado, 16 ainda veem chance de um corte no próximo mês, e uma casa (a ASA Investments) projeta uma flexibilização só em 2024.

Em compensação, na hipótese de o corte da Selic ficar mesmo só para setembro, a maioria dos consultados vê espaço para uma redução de até 0,5 ponto porcentual de uma só vez.

O Ibovespa, principal índice de referência da Bolsa brasileira, fechou o dia com queda de 1,23%, a 118,9 mil pontos. Segundo analistas, o movimento refletiu um ajuste das expectativas de investidores para a trajetória da Selic após o comunicado do Copom ter sido lido como mais duro do que o esperado. “Talvez o mercado estivesse um pouco otimista demais com a possibilidade de uma mudança brusca de direção do BC, que, obviamente, não viria. E, por isso, hoje (ontem) estamos vendo empresas ligadas aos juros devolvendo boa parte dos ganhos”, disse o analista da Empiricus Research João Piccioni.

No caso da Bolsa, outros fatores também pesaram. Os bancos centrais de Reino Unido, Turquia, Noruega e Suíça elevaram juros, enquanto o presidente do Federal Reserve (o BC americano), Jerome Powell, acenou com mais aumentos da taxa básica à frente. Já o câmbio ficou praticamente estável (alta de 0,09%), cotado a R$ 4,77.

CMN

A percepção dos analistas é de que, a despeito de sinais positivos nos últimos meses como a queda de inflação, os diretores do BC condicionam o corte da Selic ao resultado de reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) que vai definir as novas metas de inflação para 2023 e anos seguintes. O encontro do CMN – que reúne os ministros da Fazenda e do Planejamento, mais o presidente do BC – está marcado para o próximo dia 29. A expectativa é de que isso ajude a puxar as projeções de inflação futuras para baixo, abrindo espaço para a redução da Selic.

______

Saiba em primeira mão informações sobre agricultura, pecuária, economia e previsão do tempo. Siga o Canal Rural no Google News.

Sair da versão mobile