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Suinocultura: normativa que estabelece gestação coletiva entrou em vigor

Baias individuais são suspensas e matrizes passam a contar com mais espaço. Prazo para adequação é de 10 anos para novos projetos e até 2045 para granjas anteriores

A gestação coletiva deixou de ser apenas uma tendência na suinocultura e se tornou uma obrigatoriedade. O objetivo é trazer mais conforto, tranquilidade e saúde aos animais, diminuindo cada vez mais a ocorrência de situações que possam resultar em sofrimento. É também uma forma de atender aos apelos de um mercado consumidor cada vez mais consciente e exigente em relação às práticas de produção. 

Conforto se traduz em maior produtividade

Na gestação coletiva, as matrizes deixam as baias ou gaiolas individuais (também conhecidas como celas gestacionais) que impedem os movimentos e passam a ficar juntas, usufruindo de baias maiores com mais espaço para interagir e expressar seu comportamento natural. Proporcionar bem-estar às fêmeas se traduz em produtividade nas granjas. Já existem estudos que mostram que a movimentação das matrizes durante a gestação melhora o desenvolvimento no parto.

O mercado europeu já vinha sinalizando mudanças nesse sentido. Aqui no Brasil, algumas empresas se adiantaram no processo de transição e estão conseguindo manter os índices zootécnicos dos animais com as adaptações nas instalações e nas técnicas de manejo. No novo modelo, as fêmeas passam a compartilhar espaço a partir do trigésimo quinto dia de gestação. Eventuais desafios podem surgir, como disputas hierárquicas entre elas. Mas há um prazo de dez anos para que os novos projetos atendam à obrigatoriedade. Para empreendimentos anteriores, o prazo é ainda maior: até 2045. Nesse período, novos estudos podem trazer soluções customizadas para os produtores.  

Palavra do especialista

De acordo com o médico veterinário João Rodrigues, muitas granjas hoje em várias regiões do Brasil já se adequaram ao sistema coletivo. Ele explica que é possível notar um comportamento melhor nas fêmeas que interagem entre si. “Isso é muito benéfico, inclusive para a relação entre homem e animal. A qualidade do parto das fêmeas é muito superior. Temos desafios relacionados ao alojamento, mas os resultados reprodutivos, se houver um bom manejo, compensam”.

Ainda de acordo com Rodrigues, matrizes mais tranquilas no período gestacional e que se movimentam são introduzidas na maternidade muito mais dispostas. “As perdas no parto são bem menores”, diz. Durante o alojamento na maternidade, as gaiolas ainda são permitidas. 

João Rodrigues explica que a gestação coletiva também proporciona melhoras na produção de leite e nos picos de lactação. Existem vários sistemas coletivos, como mini box, ração no piso ou alimentação eletrônica, entre outros.  “O investimento depende de qual sistema o produtor vai adotar e de qual é o sistema atual.  Para se enquadrar na qualidade de alojamento de acordo com a normativa, ele precisa se atentar principalmente à área útil que vai proporcionar aos animais, considerando as diferenças entre matrizes e leitoas. Na baia coletiva, o mínimo de área útil é de 2 metros quadrados por matriz”, finaliza.  

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