Incêndios em depósitos de açúcar de Santa Adélia e no Porto de Santos deixam autoridades em alerta | Canal Rural

Incêndios em depósitos de açúcar de Santa Adélia e no Porto de Santos deixam autoridades em alerta

Eles pedem medidas de segurança para esse tipo de armazenamentoO acidente em um depósito de açúcar no município de Santa Adélia, no interior de São Paulo, que provocou a morte de milhares de peixes, e o incêndio que atingiu três galpões de açúcar em Santos, no litoral paulista, fez com que autoridades se questionassem em relação à segurança para evitar acidentes.

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O Tenente Coronel do Corpo de Bombeiros de São José do Rio Preto, Paulo Cesar Berto, foi o primeiro a chegar ao depósito de açúcar. O incêndio, segundo ele, tomou proporções além da expectativa das equipes.

– Nós nem contávamos com essa consequência. Apareceu até como um grande problema. Nós tivemos uma grande dificuldade de combater o incêndio e depois tivemos dificuldades de conter o melaço para não passar para a natureza, mas uma parte acabou vazando para as galerias pluviais e acabou causando esse dano ambiental – ressalta.

O incêndio provocou o vazamento de dez mil toneladas de açúcar no Ribeirão São Domingos, que deságua no rio Turvo, considerado berço ecológico da região noroeste do Estado de São Paulo.

Em menos de uma semana dois acidentes fizeram as autoridades pedirem medidas de segurança para esse tipo de armazenamento.

– No passado não tínhamos vivenciado nenhum tipo de acidente como esse, então, não havia necessidade de uma legislação como essa, porque atendia ao que era necessário. Hoje, há uma necessidade de evolução da norma. Essa semana irei comparecer ao comando do Estado e sugerir mudanças para que ela melhore dos que já existem e dos próximos que virem a ser construídos – salienta o Tenente.

O engenheiro civil e sanitarista da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (CETESB), José Mário Ferreira de Andrade, afirma que não existe licença ambiental para a atividade com açúcar no Estado e, por isso, é difícil prevenir novos acidentes. O melaço avança 20 quilômetros por dia dentro do rio e cerca de três mil quilos de peixes já morreram na tragédia.

– Esse tipo de atividade não é exigido licenciamento ambiental. Em termos de poluição ambiental, a empresa vai ser penalizada, em termos de licenciamento, a atividade não exige licenciamento. Com relação ao açúcar, precisamos entender que é um alimento em estado sólido. Na região são exportadas milhares de toneladas pela ferrovia e a ferrovia, que também não precisa de licenciamento ambiental. Caso, por hipótese um acidente ferroviário, pode ter as dimensões do que aconteceu porque o açúcar entrando em contato com a água ele provoca a perda de oxigênio em dezenas de quilômetros de curso d’água – destaca o engenheiro.

A secretária do Meio Ambiente e Agricultura de Catanduva, Kátia Penteado, uma das cidades atingidas pela poluição do rio São Domingos, acredita que a lei não precisa ser mais rigorosa. Segundo ela, é necessário que as empresas sejam responsabilizadas pelos seus atos.

– Nós temos que nos responsabilizar. Não é diferente para um empreendedor, como não é diferente para um empreendimento. As responsabilidades elas existem e elas têm que ser cumpridas – afirma.

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