O acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia pode ser fechado nesta quinta, dia 27. De acordo com Benedito Rosa, comentarista e ex-secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, as primeiras negociações datam de 1999, mas “a indústria temia uma avalanche de importações para o Brasil de veículos, autopeças, produtos químicos e farmacêuticos, o que impediu que a parceria fosse fechada antes”, conta.
Rosa destaca três produtos que podem se beneficiar do acordo com o bloco europeu, que representa 25% do comércio mundial: carne bovina, etanol e frutas. “Queríamos uma cota de exportação de 320 mil toneladas de carne bovina e um bilhão de litros de etanol com tarifa zero. A União Europeia deve oferecer pouco menos de 100 mil toneladas e meio milhão de litros, mas são bons números. Nossos vizinhos já possuem acordo para frutas, nós iríamos equilibrar isso”, conta.
Em contrapartida, a UE pleiteia o direito de enviar para o Mercosul produtos lácteos, trigo, cevada, azeite de oliva e bebidas, especialmente o vinho. “Isso incomoda muito alguns produtores, principalmente do Sul do Brasil e da Argentina, que temem concorrência”, diz.
Segundo Benedito Rosa, esse receio levou os governos sul-americanos a colocarem esses produtos em uma lista de itens sensíveis. “A redução de tarifas para esse grupo seria pouca ou nenhuma, porque eles já são beneficiados por subsídios na Europa”, explica.
O comentarista destaca que as discussões técnicas já se encerraram e resta apenas o acerto de números finais. Mas o processo pode levar até um ano. “Depois disso, a entrada de produtos menos sensíveis pode ser imediata. Outros, como automóveis, podem levar 15 anos”, diz.