A demanda enfraquecida na pecuária de leite está pressionando os preços pagos aos produtores. Com isso, as margens apertadas fazem com que produtores de leite considerem abandonar a atividade.
Um dos pontos centrais dessa pressão é a perda do poder de compra do consumidor, que está influenciando os preços de negociação com o produtor. De acordo com o Cepea, há uma tendência de queda nas cotações do leite desde setembro do ano passado.
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Em janeiro de 2021, o valor de negociação era de R$ 2,23 o litro, em janeiro deste ano a média Brasil líquida já está em R$ 2,10, retração de 0,6%.
“Se a gente considerar esse valor agora para janeiro na comparação com o mesmo período do ano passado, é uma perda no preço de quase 6% em termos reais. Então essa diminuição no patamar de preço está muito ligada com a fragilidade da demanda. Temos observado uma dificuldade muito grande das indústrias em assegurar a negociação dos derivados lácteos na ponta final da cadeia”, diz a pesquisadora do Cepea, Natália Grigol.
Houve queda de preços no momento em que se esperava excesso de oferta, e a redução dos valores de negociação aconteceu pela queda da demanda. Esse foi mais um agravante de limitação de investimentos na pecuária leiteira. O produtor continua sofrendo com patamares de custo de produção muito elevados. No Paraná, o risco de abandono de atividade também está preocupando.
“Na minha história como produtor, representante de produtores, esse será o ano mais desafiador que nós vamos ter pela frente”, afirma o vice-presidente do Consleite-PR, Ronei Volpi.
Outro delalhe na cadeia do leite observada pelo Cepea é a queda no número de fornecedores. Por outro lado, vemos produtores investindo e aumentando a produção.
“O produtor que quer ficar na atividade precisa ser eficiente e aumentar a escala de produção. O maior custo que a indústria tem é fazer essa captação, de transacionar esse leite junto ao produtor. De fato, a gente tem hoje estímulos dentro do setor para a saída dos produtores que não estão conseguindo atingir pontos de equilíbrio dentro do seu sistema produtivo. Normalmente quem sofre mais com esse momento de oscilação da receita e alta de custo de produção é o produtor médio, pois ele está buscando o aumento da escala, então é difícil ele segurar por muitos meses consecutivos”, pontua Natália Grigol.