Com a queda do preço do leite para 98 centavos em janeiro – o menor patamar desde 2010, segundo o indicador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) -, aumenta a dificuldade da pecuária leiteira no Rio Grande do Sul. A família Ehrenbrink é produtora de leite há mais de 30 anos em Estrela (RS), mas com a instabilidade do mercado, não tem tido renda para investir e, quando precisa, acaba fazendo dívida para conseguir se manter.
“Há 20 anos, quando nós investimos na propriedade a gente pegava a renda do momento para futuros investimentos. Sempre pensando nos frutos que íamos colher da produção. Hoje precisamos buscar recursos através de banco, fazer financiamento, porque o mercado do leite não nos permite mais investir. Só se investe quando é necessário mesmo”, conta a produtora Carla Ehrenbrink.
Quem tem mais de uma atividade, acaba tirando renda de outras áreas. É o caso do pecuarista Sérgio Barth que conta com a avicultura para manter ao gado leiteiro. “No gado eu tenho um bruto maior, mas a rentabilidade líquida do frango é melhor. Então, a gente acaba tirando dinheiro do frango para investir no gado e poder manter”, diz.
Para o presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Estrela, Rogério Heemann, o produtor sofre por falta de incentivo e também por conta da entrada de leite dos países vizinhos.
“O produto que vem de fora não se sabe a qualidade e o nosso produtor, principalmente do Rio Grande do Sul, vem sofrendo muito. O sindicato vem trabalhando na luta para conseguir preços justos ao produtor de leite. O custo de produção é de R$ 1,20 e o nosso produtor está recebendo menos de R$ 1”, afirma Heemann.