A arroba do boi gordo continua acima de R$ 300 no mercado físico. Segundo a Agrifatto, o cenário de oferta limitada se mantém, o que dá sustentação às cotações.
“O cenário de baixa oferta se dá por três motivos: o ciclo pecuário, que é sistêmico e não se resolve no curto prazo; a questão climática, tivemos uma seca no ano passado que leva ao atraso na engorda do boi criado a pasto; e a alta do custo de produção, que deixou o produtor inseguro quanto a suplementação”, diz Lygia Pimentel, diretora da consultoria.
Segundo ela, o gado criado a pasto pode começar a encorpar o volume de animais disponíveis a partir de abril, mas não deve ser um grande impacto ainda.
Com os custos de produção muito altos e a oferta restrita, Lygia lembra que o boi gordo brasileiro já é o mais caro do Mercosul e está quase batendo o dos Estados Unidos, o que tira um pouco da competitividade, ainda que o dólar mais alto frente o real ajude.
No mercado interno, o cenário é bastante ruim. A pandemia da Covid-19 trouxe uma série de problemas à economia nacional, entre eles o desemprego. “Temos uma crise gravíssima, sem precedentes. Isso vem reduzindo o consumo per capita”, diz.
Diante disso, a primeira ação do consumidor é substituir por bens de menor valor agregado. “A carne bovina está muito cara, com oferta muito enxuta, principalmente comparada a outras proteínas que aumentaram a sua produção em 2020, como suíno e frango. A troca por frango tem sido bem eficiente para reduzir gastos mensais para tentar acompanhar a perda de poder de compra”, afirma.