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Sem infraestrutura de escoamento, frete no Vale do Araguaia sobe 30%

O transporte de grãos e insumos conta com apenas duas balsas, que nem sempre estão funcionando; acidentes com caminhões são frequentes na travessia

Caminhões afundam durante travessia no rio das Mortes
Caminhões afundam durante travessia no rio das Mortes – Foto: Pedro Silvestre/Canal Rural

As péssimas condições de infraestrutura e logística no Vale Araguaia, leste de Mato Grosso, estão colocando em risco a vida de caminhoneiros, atrasando entregas de insumos e encarecendo em até 30% o valor do frete. Revoltados com o descaso do poder público, produtores cobram do governo estadual que o valor arrecadado pelo Fundo Estadual de Transporte e Habitação (Fethab) seja revertido em obras na região.

Não existe ponte no caminho mais curto para a divisa entre Goiás e Mato Grosso. Sai por esse trecho grande parte dos grãos produzidos na região e entra, praticamente, 90% de todo o calcário usado. Apenas duas balsas fazem a travessia — cerca de 400 metros de uma margem a outra — sobre o rio das Mortes.

O trecho pode ser curto, mas o número de reclamações é extenso, como relatam os caminhoneiros. “Esses dias, um caminhão caiu a frente. De vez em quando, acontece esse tipo de transtorno. Mas fazer o quê? Não tem outra opção, temos que ficar sofrendo”, lamenta Rogério Pereira de Almeida. Segundo os motoristas, nos dias em que a balsa está quebrada, centenas de caminhões ficam parados o dia todo lá, gerando uma fila enorme. O valor cobrado pela travessia de balsa também é motivo de protesto entre os motoristas. “É puxado: R$ 75 o rodotrem e R$ 45 o bitrem”, diz.

Foto: Pedro Silvestre/Canal Rural

O impacto é repassado para o agricultor, que precisa de muito calcário para corrigir o solo, que é pobre e ácido, segundo o presidente do Sindicato Rural de Canarana (MT), Alex Wisch. “O frete pode sair da mineradora com preço R$ 55 a tonelada; o produto está em R$ 60. Se fosse tudo pavimentado, poderia ser um frete de R$ 35. O caminhoneiro ganharia dinheiro e a gente teria um custo mais baixo” , afirma.

O sojicultor Paulo Buranelo já começou a preparar a área de 750 hectares para a safra, mas o calcário — além de mais caro — não vai chegar no tempo planejado. “Só em junho poderemos retirar. Atrasa o nosso trabalho aqui na lavoura, na distribuição. Quanto mais umidade a gente tem no solo para esse calcário reagir, melhor é, então se atrasa, consequentemente, há perda de produtividade no final”, explica.

Quarenta anos atrás foi feito o primeiro levantamento para construção de uma ponte que nunca saiu da promessa, conta o presidente do Sindicato Rural de Água Boa (MT), Antônio Mello. “Faz, aproximadamente, 15 anos que o governador Blairo Maggi prometeu dar prioridade”, reitera.

As estradas estaduais não pavimentadas também são alvo de muitas críticas. Indignado, o presidente do sindicato rural de Canarana afirma que a arrecadação de Fethab no município é de R$ 50 milhões por ano e apenas R$ 2,5 milhões retornam. “Estamos pagando caro para chegar o calcário, o adubo, e a gente vende a soja mais barata porque não temos estrutura”, reclama Alex Wisch.

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