O quinto episódio da segunda temporada da série Agronomia Sustentável visitou duas importantes capitais da região Norte do país, Boa Vista (RR) e Macapá (AP), para mostrar o papel do engenheiro agrônomo na educação e capacitação de novos profissionais.
Nesse meio, o engenheiro agrônomo Lourival Antonio Barbosa, de Boa Vista, se dedica à hidroponia e inspira estudantes a seguirem por esse caminho. “A hidroponia é um nicho de mercado no qual podemos nos inserir com um produto de qualidade e com boa aceitação”, diz.
Barbosa produz hortaliças e afirma que são necessários 50 dias desde que se coloca a semente no substrato até o período em que pode ser colhida. Esse processo acelerado permite a realização de até 11 colheitas por ano. “Para mim é emocionante poder lidar com uma semente e transformá-la em produto para que depois a sociedade o consuma. Não me vejo em outra profissão. A gente produz alimento e ajuda o meio ambiente”, destaca.
Esse bom exemplo contagia os estudantes de agronomia da capital, como Yenara Guedes. “Nunca tive dúvidas da profissão que gostaria de seguir, então conhecer esse meio, conhecer o senhor Lourival, é muito gratificante. Todas as vezes em que venho aqui é uma aquisição de conhecimento diferente. Além disso, ele nos ensina a conservar o meio ambiente. O projeto dele de alface hidropônica é totalmente sustentável. Todo o material que ele usa, todo o resíduo tem a sua destinação final”, conta a estudante.
As cinco bancadas de hortaliças construídas no início do negócio, há quase 20 anos, se transformaram em 450. Toda a estrutura foi construída com material reciclado e a água consumida na produção advém de poço artesiano. Além disso, o adubo produzido na hidroponia ajuda a mata nativa ao redor a se desenvolver ainda mais. Além disso, o conhecimento de engenheiro agrônomo de Barbosa é útil para que ele produza o seu próprio substrato.
Potencial em Roraima
Ainda em Boa Vista, o programa conheceu a engenheira agrônoma Jéssica Tosin Lima, uma apaixonada por pesquisas e com um gosto especial pelos estudos. Atualmente, ela divide seus conhecimentos com mais de 100 alunos entre as turmas do ensino médio e da faculdade. “O engenheiro agrônomo é um profissional preocupado com o meio ambiente, com a alimentação e quer ter o cuidado com a natureza para deixar o seu meio adequado para quando for pai e avó e para as gerações seguintes”, diz.
A profissional dedicou a vida acadêmica à área de fitotécnica com ênfase em fruticultura, pós-colheita e processamento de alimentos com produtos típicos da região Norte. Atualmente ela também é diretora técnica e conselheira da Associação de Agrônomos de Roraima e enxerga no setor um cenário promissor. “Temos hoje, por exemplo, diversos produtores que estão saindo da região Sul e Centro-Oeste e estão vindo investir em Roraima”, afirma.
Nos últimos anos anos, a expansão da soja e da pecuária no estado levantaram um alerta sobre os desafios logísticos da região e a necessidade de acesso ao porto de Georgetown, capital da Guiana, país do qual Roraima faz fronteira, além de outras potenciais alternativas para o escoamento da produção. “São dois caminhos que temos diretamente com o Caribe para que possamos atingir o mercado consumidor, que é os Estados Unidos, além de todo o Caribe através da Guiana inglesa. Para nós é uma logística que importa muito. Então, estamos bem estrategicamente, ainda que tenhamos desafios a vencer, mas este é o caminho”, afirma o coordenador da Câmara de Agronomia do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-RR), Carlos André Teixeira.
Cursos de capacitação
O segundo bloco do programa foi a Macapá, no Amapá, a única capital brasileira banhada pelo Rio Amazonas, e entrevistou o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do estado (Faeap), Iraçu Colares, que falou sobre cursos de alfabetização e capacitação no meio rural.
“Ultimamente temos despertado o tema de que a missão do produtor rural é produzir alimentos, algo muito mais profundo porque é a subsistência, a sobrevivência da humanidade. Sem alimento não se tem saúde, educação, segurança. […] é a base para que as outras atividades possam ser desenvolvidas”, considera.
No ano passado, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), ligado à Faeap, mobilizou mais de 50 pessoas no estado nos treinamentos na área de formação profissional rural e promoção social. “É um trabalho muito interessante, muito bonito. […] ao assumir a direção do Senar e participar ativamente dos cursos no meio rural, acontece de a gente se emocionar com a emoção das pessoas que aprendem a fazer alguma coisa, seja na leitura, no artesanato, na manipulação de tecidos, por exemplo”, conta.
Nesse meio, um profissional com papel essencial é o engenheiro agrônomo Jeferson Almeida de Brito. “Acredito que a educação é o alicerce de toda profissão e na agronomia isso não é diferente. Pelo Brasil ter dimensões continentais, muitas profissões dentro da ciência agronômica acabam sendo diferentes em função de peculiaridades regionais. Por exemplo, um agrônomo formado na região Norte é diferente do da região Nordeste. Por lá, só pela diferença pluviométrica que acontece naquele local, já é possível ver uma sensível diferença na formação desses engenheiros, tornando certos profissionais mais experts em determinadas áreas”, explica.
Além de ministrar aulas e desenvolver pesquisas e atividades nas áreas de extensão ambiental e agrícola, Brito faz o acompanhamento para fumigação em porões de navios com cargas de grãos, atividade diretamente focada no controle de pragas. “A agronomia é uma profissão multi-talento. São várias ciências envolvidas na base de formação desse curso. Quando saímos da faculdade, percebemos que podemos atuar em diversas áreas dentro da agronomia”, destaca.
O projeto Agronomia Sustentável é uma parceria do Canal Rural com o Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), os Conselhos Regionais (Creas), e Organização das Cooperativas Brasileiras. O programa vai ao ar aos sábados, às 9h, com reprise aos domingos, às 7h30. Na próxima semana, o programa visita Belém do Pará.