Agronomia Sustentável

Liderança feminina é cada vez maior nas engenharias

Sistema Confea/ Crea e Mútua estruturam iniciativas que visam a equidade de gênero. Empresas traçam metas para inserir mulheres em cargos de destaque

Iniciativas que promovem a liderança feminina nos cargos de engenharia são o foco do sexto episódio do programa Agronomia Sustentável. O Programa Mulher, do Sistema Confea/Crea e Mútua, é um exemplo disso e representa um marco na política de equidade de gênero do setor.

Um mapeamento revelou que de 1 milhão de profissionais registrados no Sistema Confea, 200 mil são mulheres, ou seja, o público feminino compõe 20% das áreas de agronomia, engenharia e geociências no país. “Nossa meta é aumentar muito mais e chegar a 50%. Nossa intenção é aumentar esse número cerca de 5% por ano”, conta a engenheira civil Poliana Siqueira.

A iniciativa está em linha com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs) da ONU, que entre 17 metas estabelece a equidade de gênero em uma sociedade mais justa, igualitária e democrática. “Hoje o que muda é que a mulher tem consciência de que ela consegue chegar onde quiser, a profissão que ela escolher e sabe que tem total competência e capacidade para isso”, diz a engenheira mecânica Michele Costa.

A presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Rio Grande do Norte (Crea-RN), Ana Dias Paulino, reforça a importância de mais mulheres se tornarem conselheiras e presidentes dos órgãos. “Mais do que isso: que ocupem cargos de destaque em sua vida profissional”.

Presença feminina nos cursos de graduação

mulheres engenharia

De 2003 a 2015, o número de mulheres em cursos de engenharia passou de 25 mil para 57 mil, conforme dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), aumento de mais de 100%.

“Estamos tentando ocupar esse papel, estamos tendo coragem e é muito importante a união de todas nós, onde nos enxergamos como cooperadoras, como colaboradoras, para que possamos mostrar que, independente de ser mulher ou homem, somos todos profissionais”, reforça a engenheira civil Doralice Almeida.

A engenheira agrônoma Waleska Storani desenvolve projetos sustentáveis para cidades inteligentes por meio de tecnologia e inovação. “Nossas cidades não são pensadas para nós, mulheres. […] muitas delas acabam não voltando para o mercado de trabalho, encontrando muitas dificuldades quando optam pela maternidade. Não adianta os homens pensarem em políticas públicas para nós. Precisamos sentar e pensar juntos sobre as cidades inteligentes”, reforça.

Empresas que fomentam a equidade

Parque Tecnológico de São José dos Campos. Foto: Reprodução Canal Rural

Uma grande indústria cimenteira do município de Votorantin, em São Paulo, tem como meta empregar 30% das mulheres em cargos de liderança até o ano de 2030. “Entendemos que essa evolução não vai acontecer de uma forma orgânica. Por isso, temos impulsionado uma série de programas para desenvolver nossas mulheres e, assim, entendemos que vamos contribuir proativamente para ter mais mulheres na Votorantim Cimentos, mas que também essa seja uma realidade no mercado de trabalho”, enfatiza a consultora de Diversidade e Inclusão da companhia, Camila Ribeiro.

Já no Parque Tecnológico de São José dos Campos, também no interior de São Paulo, reúne empresas e instituições de diversas áreas. Por lá, a presença feminina é marcante: são 34 mulheres e 24 homens na gestão do complexo. “Uma característica que nossa diretoria criou é a de um ambiente de mulheres focadas em resultado, mulheres com capacidade de compartilhar as oportunidades e pessoas sempre motivadas a dar resultado”, conta a engenheira agrônoma Giane Santos.

Uma iniciativa do polo e liderada pela profissional busca atrair empresas do agronegócio ao Parque Tecnológico. Até o momento, já são 48 a fazer parte da ação. “O agronegócio hoje, a gente consegue ver, nessas indas e vindas por Mato Grosso, Goiás, Tocantins, que a mulher está mais presente. Ainda não na quantidade que gostaríamos, mas penso que a tendência é aumentar”.

Além de sediar empresas, o Parque também sedia o curso de engenharia ambiental da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp). “Hoje eu percebo que na faculdade, pelo menos no campus de São José, temos uma predominância feminina, o que parece ser um pouco diferente das outras engenharias”, relata a estudante Beatriz Cervi.

A professora de Engenharia Ambiental da faculdade, Liliam Medeiros, afirma ver uma relação de igualdade muito mais tranquila atualmente do que a vista nas gerações passadas.

O programa Agronomia Sustentável é uma realização do Conselho Federal e Regional de Engenharia e Agronomia (Confea e Crea), Mútua e Canal Rural. Os episódios vão ao ar aos sábados, às 9h, com reprise no domingo, às 7h30 (horários de Brasília). Mas também é possível acompanhar todos eles, desde a primeira temporada, no site do projeto.