Brasil teve medo de fechar acordos de livre comércio, diz Maggi

Adidos agrícolas de 40 países com representação no Brasil foram recebidos no Ministério da Agricultura, em Brasília (DF), para discutir comércio bilateral de produtos

Fonte: Noaldo Santos/Mapa

Pela primeira vez, representantes agrícolas de 40 países com representação no Brasil foram recebidos em reunião conjunta no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Blairo Maggi esteve, nesta quinta, dia 30, com integrantes do Grupo de Diplomatas da Agricultura no Brasil para expor sobre a relação do país com os mercados internacionais.

Para o Mapa, até agora, o Brasil teve medo de fechar acordos de livre comércio. Maggi falou que o governo não vai barrar a entrada de trigo importado no Brasil. Segundo ele, o triticultor brasileiro precisa encontrar um nicho de mercado ou partir para outra alternativa. Isso porque o país não tem condições de oferecer subsídios como o principal concorrente, a Argentina, que zerou a tarifa de exportação do cereal.

“Nós não somos especialistas na área de trigo e com o passar dos anos, em muitas situações, quando não se tem grande incentivo, não se avança no processo. Não temos recursos para competir, então, os produtores precisam ter transparência nos processos”, disse Maggi.

O ministro criticou também a política externa de governos anteriores e a falta de acordos de livre comércio, como o que ele promete finalizar em julho com os Estados Unidos. Nos próximos meses, os norte-americanos devem começar a comprar carne bovina in natura do Brasil.

“O Brasil está amarrado na questão Mercosul e teve medo, na minha avaliação. Se queremos ser um país de primeiro mundo, temos que estar abertos também. Não podemos pensar que só nós vamos vender e que ninguém vai vender para o Brasil. Somos um mercado grande, 200 milhões de pessoas e cobiçado pelo mundo. Temos que ser competitivos e muito bons naquilo que fazemos para repelir o mercado internacional com a competitividade”, destacou Blairo Maggi.

Como exemplo, o ministro citou a Suíça, que quer vender relógios e chocolates  ao Brasil, e, em contrapartida, comprar frutas, soja e carne. O país europeu tem oito milhões de habitantes e é um importante mercado na Europa.

“A Suíça tem um mercado muito pequeno, nós procuramos mercado afora para poder exportar. Sabemos que o Brasil é um dos maiores produtores agrícolas, tem uma carne maravilhosa. Mas lógico, tem que lutar um pouquinho com a concorrência dos produtores suíços, mas que são muito pequenos. Eu diria que os produtores suíços não devem temer a concorrência com o Brasil, porque sempre vai ter nichos aonde eles podem produzir”, salientou o embaixador da Suíça, André Regli. 

Cobranças

O representante da Tailândia cobrou agilidade na resposta para o pedido de compra de carne brasileira. Há três meses, o Mapa recebeu um questionário, que ainda não foi respondido.