Caminhoneiros protestam contra reajuste de combustíveis na BR-163

Mobilização já é registrada em pontos de Mato Grosso, Paraná e Rondônia; além da BR-163, há protestos na BR-364 e na MT-358Caminhoneiros bloqueiam, desde as 8h desta quarta, dia 18, trechos da BR-163 em diferentes regiões do país. Eles protestam contra o reajuste de combustíveis, que impacta diretamente os valores de frete.

Há registros de paralisação entre Nova Mutum e Lucas do Rio Verde, emMato Grosso, em Capitão Leônidas Marques, no Paraná, e em Vilhena, Rondônia, na BR-364. O protesto é organizado por transportadoras e caminhoneiros. A& BR-163 é uma das principais rotas de escoamento da safra de grãos brasileira.

O presidente do Sindicato de Caminhoneiros de Tangará da Serra (MT), Edgar Laurini, informa que, por volta das 12h, cerca de 230 caminhões estavam parados no trecho de Nova Mutum e Lucas do Rio Verde. A previsão é de que até o final da tarde, os municípios de Sorriso e Sinop também sejam fechados, assim como Cuiabá e Rondonópolis, a partir de amanhã. Até sexta, dia 20, a paralisação pretende atingir todo o Estado do Mato Grosso. A BR-364 já está fechada há alguns dias, assim como a MT-358.

Segundo Laurini, todas as cargas são agropecuárias e a movimentação é pacífica. Ele lembra que os trechos da rodovia estão sendo interditados há 11 dias, das 7h às 11h, com passagem liberada para caminhões entre 11h às 12h e uma nova interdição das 12h às 18h. Outra reivindicação do setor é o estado precário das rodovias em Mato Grosso. Em alguns pontos, a distância entre um posto para descanso e outro chega a 200 quilômetros.

BR-364

Em Vilhena (RO), a mobilização acontece desde o dia 4 de fevereiro. Mais de 2 mil caminhões estão parados, em greve, no Estado, mas não há bloqueio nas estradas. Os caminhões que carregam soja (graneleiros) são convidados a parar. O presidente da Cooperativa das Transportadoras de Rondônia, Jorge Roberto, pontua que “tudo sobe, menos o frete”.

O aumento no preço do diesel foi a gota d’água. A carga tributária e a manutenção pesam muito no bolso dos caminhoneiros – destaca.

Segundo ele, há dois anos o valor da tonelada para transportar grãos – referência Sapezal-Porto Velho (980 km – caminhão bitrem de 37 toneladas) – estava R$ 120,00 e o custo era R$ 4,25 por quilômetro rodado. Hoje, o preço está em média R$ 103,00 a tonelada e o custo é de R$ 4,70 por quilômetro rodado. O custo inclui manutenção de veículos, carga tributária e diesel.

Aumento dos combustíveis

As alíquotas de PIS e Cofins subiram R$ 0,22 por litro para a gasolina e R$ 0,15 para o diesel no dia 1° de fevereiro. A reintrodução da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) passa a vigorar em 1° de maio, quando a alíquota de PIS e Cofins terá um recuo na mesma proporção, de forma que o aumento total de tributação para combustíveis seja mantido no valor citado. A Cide foi reduzida no passado para evitar que aumentos de combustíveis pela Petrobras aos distribuidores chegassem na bomba para o consumidor.

Valores mais altos do diesel provocam taxas mais altas de frete, elevando a competitividade do transporte ferroviário ante o rodoviário. O diesel representa cerca de 60% dos custos do frete por rodovias e é o principal combustível utilizado pela agricultura, desde o transporte com calcário e fertilizantes, custo de produção dos produtores, até o transporte dos grãos.

Impacto

Logo que as medidas de reajuste foram anunciadas pelo governo federal, o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) calculou que o impacto da cobrança de impostos sobre o preço do diesel poderia gerar um custo de R$ 273,75 milhões para os produtores de soja e milho de Mato Grosso. O frete no Estado, segundo a entidade, deverá ser reajustado em 2,7%.

Com a elevação no preço do diesel, o instituto previu que o custo total de produção da soja poderia aumentar 0,25%, correspondendo a uma elevação dos gastos dos produtores de R$ 51,1 milhões. Para o milho, a elevação deveria chegar a 0,18%, com impacto de R$ 9,48 milhões.

*Edição de Paula Soprana com apuração de Larissa Pansani, Flávya Pereira e Maria Braga