Clima quebra safra e provoca alta na cebola

Calor em São Paulo e chuva em Santa Catarina prejudicou a safrinha da cebola e aumentou o preço do produto no mercado

Fonte: Marcos Santos/USP Imagens

Produtores de cebola do interior de São Paulo estão animados com a alta do preço nas últimas semanas, provocada principalmente com o clima instável que derrubou a oferta nas principais regiões produtoras do país. 

Considerado o abril mais quente dos últimos 70 anos no estado de São Paulo, o mês passado prejudicou o desenvolvimento da cebola em alguns lugares, como na propriedade de Irineu Lemes da Silva, em Piedade (SP), que viu a safrinha com unidades bem menores do que as retiradas no mesmo período do ano passado. A boa notícia para o produtor é que com a baixa oferta, o preço reagiu.

 “A safrinha este ano não foi dentro do esperado, deu uma quebra vamos dizer de 50%. Foi um clima muito quente no mês de abril e a cebola não cedeu com o clima e a produção caiu bastante”, disse o produtor.

O calor favoreceu também a proliferação de doenças como a antracnose, também conhecida como “encabeçamento da cebola“. Para o engenheiro agrônomo Bruno Matsuo, a temperatura é um fator crucial para o desenvolvimento da cebola. “Esse ano nós tivemos um abril atípico, temperatura elevada e isso teve uma quebra porque ela depende de uma temperatura mais amena pra sobreviver. A temperatura elevada como em abril favorece o aparecimento da antracnose, na verdade é bem mais difícil de controlar”, disse.

A expectativa é de quebra de 30% a 40% na safra de cebola. Além do calor no interior de São Paulo, a chuva também provocou problemas para produtores de Santa Catarina, outro importante polo. Essa diminuição da oferta nacional automaticamente elevou os preços, o que pode amenizar os problemas para os produtores.

No inicio da colheita, Irineu estava ganhando R$ 2,25  pelo quilo da cebola e hoje está comercializando o quilo por R$ 3,00. “Eu acho que o preço vai se segurar, porque não tem muita cebola. Bem provável que vai segurar o preço e quem tirar a produção ótima vai ficar sorrindo com sorriso de orelha a orelha”, falou.

A oferta nacional reduzida tem feito o país a importar mais cebola e de diferentes origens. Entre 20 de abril e 9 de maio deste ano a Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp)importou 3,6 mil toneladas da Argentina, Chile, Holanda, Nova Zelândia e Espanha, o equivalente a 60% do volume demandado no período pelo mercado interno.

“O Brasil sempre importou cebola. A nossa produção nacional não é suficiente pra atender o mercado interno só que importava de países próximos a preços reduzidos, principalmente Chile e Argentina. Como esses países também tiveram problema, os atacadistas se viram obrigados a buscar de outros mercados pra poder subir a falta do produto no mercado interno”, avaliou o economista da Ceagesp Flávio Godas.

A tendência a partir de agora é que o preço permaneça estável entre R$ 3,00 e R$ 3,50 o quilo, o que é considerado um patamar elevado para o produto.