Conab estima safra de grãos 2013/2014 em 195,9 milhões de toneladas

Soja, principal destaque do levantamento, deve crescer 10,5%, com produção estimada em 90 milhões de toneladasA Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou nesta terça, dia 10, o resultado do terceiro levantamento da safra brasileira de grãos 2013/2014 com previsão de crescimento da produção em 4,8% em relação à última estimativa. Pelos cálculos, o país deve produzir 195,9 milhões de toneladas de grãos, com crescimento de 3,6% na área plantada, que deve passar de 53,2 para 55,2 milhões de hectares.

Os estudos para o terceiro levantamento de safra ocorreram de 24 a 30 de novembro. Mais de 60 técnicos da Conab estiveram em campo para atualizar as informações de área, produção e comportamento climático nos Estados da região Centro-Sul, em Rondônia, no Tocantins, no oeste da Bahia e no sul do Piauí e do Maranhão.

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Soja

De acordo com a Conab, a soja foi o principal destaque do levantamento – crescimento de 10,5%, com produção estimada em 90 milhões de toneladas. O secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller, comentou o levantamento.

– Com toda certeza, pelo primeiro ano, se continuar o clima, vamos superar os 90 milhões de toneladas de soja e vamos ultrapassar os Estados unidos  – afirmou.

A área usada para o cultivo de soja também registrou crescimento, com avanço de 6,2%, passando de 27,7 para 29,4 milhões de hectares.

Milho

Já o milho, segunda maior cultura produzida no Brasil, atrás da soja, deve apresentar um decréscimo de 2,7% na produção. A Conab pondera, no entanto, que a estimativa em relação ao milho só será confirmada em fevereiro, quando de fato o plantio da segunda safra for iniciado.

Segundo Geller, o milho apresentará uma surpresa nos próximos quatro, cinco anos.

– Vamos crescer muito, com trabalho de novos mercados – disse.

No entanto, o secretário explicou que o crescimento depende da demanda.

A competição por área entre soja e milho nos últimos anos, tem sido desfavorável ao cereal. O milho tem perdido espaço, entre outras razões, por causa dos resultados positivos na comercialização da soja e pelos elevados custos de produção da lavoura de milho.

A área semeada com o milho primeira safra em 2013/2014 poderá atingir 6,42 milhões de hectares, refletindo um decréscimo de 5,9%, quando comparada com o exercício anterior.

Segundo a Conab, o Estado do Paraná apresenta a maior redução absoluta na área de milho primeira safra do país (menos 204,6 mil hectares). Caso seja repetido o nível de produtividade alcançado na safra anterior para a região Sul (6.624 quilos por hectare), a forte redução observada na área plantada naquele Estado irá influenciar fortemente a oferta nacional do cereal na primeira safra, alerta a estatal. Deverá ocorrer uma diminuição de aproximadamente 2,22 milhões de toneladas na oferta, quando comparado com a safra anterior.

Caso a produtividade estimada para a lavoura de milho em 2013/2014 atinja 5.076 kg/ha, a produção brasileira para o milho primeira safra deverá alcançar 32,60 milhões de toneladas, representando queda de 6,4% em relação à safra 2012/2013.

Algodão

A produção de algodão em pluma na safra 2013/2014 deve alcançar 1,64 milhão de toneladas, aumento de 25% em relação ao período anterior (1,31 milhão de toneladas).

Segundo a Conab, fatores como a recuperação dos preços internos ao longo de 2013, favorecida pela oferta mais restrita e a elevação dos preços no mercado externo, com tendência de permanecerem em níveis favoráveis, impulsionaram o plantio da fibra.

Mato Grosso, que responde por mais de 60,0% da produção brasileira, apresentou incremento de 24,5%, com a área passando para 591,7 mil hectares, ante os 475,3 mil hectares cultivados na safra anterior. O plantio no Estado ocorre em dois períodos: o da primeira safra, semeado preferencialmente no mês de dezembro e o da segunda safra, nos meses de janeiro e fevereiro.

A Conab prevê estoque de passagem no encerramento do exercício de 2013 de 383,9 mil toneladas de pluma, que equivale a 3,2 meses de consumo. Quanto a 2014, haverá naturalmente uma recomposição dos estoques de passagem com maior produção, devendo totalizar cerca de 587 mil toneladas de pluma, volume suficiente para suprir a demanda da indústria nacional no período de entressafra e mais exportações por um período aproximado de 4,8 meses. A oferta total do produto (estoque inicial + produção + importação) será de 2,047 milhões de toneladas, enquanto a demanda total (consumo interno + exportação) é estimada em 1,460 milhão de toneladas. 
 
Arroz

A área cultivada com arroz na safra 2013/2014 no Rio Grande do Sul, principal Estado produtor, está estimada em 1,12 milhão de hectares, o que corresponde a um aumento de 4,7% em relação à safra anterior. O acréscimo pode ser atribuído à disponibilidade de água nos mananciais para irrigação e ao preço do cereal no mercado cobrindo o custo de produção.

– Esse aumento no Rio Grande do Sul é tão significativo que recupera todos os demais decréscimos no resto do País, reforçando a hipótese de que a área a ser cultivada no Brasil será semelhante à da safra passada – diz a Conab.

A estatal observa, porém, que o excesso de chuvas em novembro não permitiu que os produtores concluíssem a semeadura e, em pleno mês de dezembro, ainda resta cerca de 12% para conclusão do plantio.

– Este atraso deve acarretar diminuição da produtividade final da lavoura como um todo, prejudicando a previsão de recorde de produção de arroz no Rio Grande do Sul na safra 2013/2014 – estima a Conab.

A safra nacional de arroz em 2013/2014 está projetada em 12,22 milhões de toneladas, alta de 4% em relação ao período anterior (11,75 milhões de toneladas). A área com a cultura no país deve ser de 2,42 milhões de hectares, mais 1,3% ante a safra 2012/2013 (2,39 milhões de hectares).

Feijão

A área de feijão primeira safra está estimada em 1,17 milhão de hectares em 2013/2014, o que corresponde a um crescimento de 4,1% em relação à safra anterior. De acordo com os técnicos da Conab, o crescimento só não é maior por causa das boas perspectivas de outras culturas, como a soja, com maior estabilidade e liquidez.

A Conab informa que aproximadamente 48,2% da produção do feijão primeira safra é colhida na região Sul e o Paraná é o maior produtor. A safra paranaense representa cerca de 31% da produção nacional.

A área de plantio no Paraná deverá aumentar 11,9%, de acordo com a Conab. O cultivo deve alcançar 235,2 mil hectares. O plantio já atingiu 99% da área, sendo que a cultura atravessa as fases de germinação (2%), desenvolvimento vegetativo (50%), floração (29%), frutificação (16%) e maturação (3%). A colheita já atingiu 1% da área plantada.

A produção nacional para o feijão da primeira safra é estimada pela Conab em 1,30 milhão de toneladas, representando um acréscimo de 34,6%. Considerando as três safras, estima-se que a área total de feijão poderá alcançar 3,16 milhões de hectares, 1,3% maior do que na safra passada. A produção nacional de feijão deverá alcançar 3,30 milhões de toneladas, 16,6% maior do que na safra 2012/13.

Para o feijão segunda e terceira safras, em virtude do calendário de plantio e da metodologia aplicada nas estimativas, foram repetidas as áreas da safra anterior e aplicado o rendimento médio dos últimos cinco anos, descartando os anos atípicos e agregando-se o ganho tecnológico.

Trigo

A colheita de trigo está praticamente encerrada no Rio Grande do Sul, principal Estado produtor, responsável por cerca de 58% da safra nacional. A produção deve alcançar 3,09 milhões de toneladas do produto, aumento de 63% ante período anterior (1,89 milhão de toneladas).

A área plantada no Estado foi de 1,036 milhão de hectares, 6,1% maior do que na safra 2012/13. Conforme a estatal, o plantio do cereal teve como suporte o bom desempenho do produto no mercado no momento da tomada de decisão de plantio, estimulado por um apertado quadro de oferta e demanda local, e a ocorrência de problemas na produção dos principais fornecedores internacionais.

A produção nacional de trigo para o exercício 2013/2014 deverá alcançar 5,36 milhões de toneladas, representando um incremento de 22,4% em relação à safra passada, fruto do aumento de 15,6% da área plantada e 5,8% da produtividade.

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