Milho e seus derivados garantem espaço na merenda escolar

Pesquisadores trabalham no melhoramento genético e nutricional do grãoO cultivo de milho, juntamente com a soja, contribui com cerca de 80% da produção de grãos no Brasil e serve tanto para o consumo animal, nos estabelecimentos rurais, quanto humano. Por ser rico em carboidratos, essencialmente o amido, o que o caracteriza como um alimento energético, o grão e seus derivados se constituem em fator importante na alimentação humana em regiões com baixa renda.

O milho faz parte do Projeto BioFort, que visa o melhoramento genético para minimizar os problemas da carência de ferro, zinco e vitamina A na dieta das populações mais pobres. A pesquisa envolve profissionais de 11 unidades da Embrapa.

Segundo a pesquisadora Marília Nutti, da Embrapa Agroindústria de Alimentos, junto com outras culturas de forte presença na dieta da população, o projeto quer chegar a alimentos mais nutritivos que possam ser cultivados por pequenos produtores e introduzidos na merenda escolar.

– Estamos trabalhando com pequenos produtores. A nossa ideia é que eles plantem e que estes produtos sejam vendidos para as escolas e utilizados na merenda escolar. No caso do milho, estamos trabalhando com uma variedade específica para o Nordeste que se chama Assun Preto, que tem uma diferença na qualidade da proteína – afirma a pesquisadora.

O milho aparece em mais de 1,2 mil produtos finais e a sua utilização e a de seus derivados na alimentação escolar potencializa o setor e agrega renda aos agricultores, conforme salienta o presidente da Associação dos Produtores de Milho do Rio Grande do Sul, Cláudio Luiz de Jesus.

– O milho é um dos alimentos mais completos de que se tem registro em termos de alimentação humana e animal. Ele pode ser consumido em vários tipos, como a polenta, e também na merenda escolar, como o pão de milho, in natura ou como a nutricionista utilizar. Para nós, produtores, é fundamental, pois abre mais um mercado para o consumo de milho – acredita.

Os bons hábitos alimentares são comprovadamente importantes para garantir qualidade de vida. E, claro, a dieta saudável deve iniciar na infância. Em junho deste ano, foi sancionada a lei que dispõe sobre o atendimento da alimentação escolar. A coordenadora do setor de nutrição da Secretaria Municipal de Educação de Porto Alegre, Sandra Pinho, salienta como o milho é utilizado na merenda dos estudantes.

– Nós já servimos o milho verde direto na espiga há algum tempo. Claro que só usamos no período de safra, e isso nos limita alguns meses do ano. E nas outras épocas utilizamos o milho verde em lata, além da farinha de milho que é usada em polentas e pães – informa Sandra.

Sandra explica que o milho agrega além de valores nutricionais, também questões culturais.

– O milho consegue agregar tanto o valor nutritivo quanto a aceitabilidade, a disponibilidade nas suas várias formas dentro do ano. E também todo o trabalho com a criança de como se planta, como ele cresce, como se colhe e como se prepara. Então a criança tem toda uma história do milho.

A questão cultural também é ressaltada por Cláudio Bruno, gerente comercial de uma grande rede de supermercados, que detecta, inclusive, um aumento nas vendas de derivados de milho no inverno gaúcho, relacionado principalmente às festas juninas.

– É um produto que participa com mais de 10% na venda e é muito relativa a sazonalidade. No período de inverno nós temos uma venda bem superior da parte do milho em farinha, e também um crescimento na parte de grãos como o de pipoca. E temos a grande possibilidade de colocar esses produtos derivados de milho em várias receitas. Aqui no sul o crescimento é de 12% a 15% dos derivados de milho – ressalta.

E a coordenadora da SMED, Sandra Pinho, afirma que a espiga de milho é a campeã de preferência entre as crianças.

– As crianças aceitam muito bem. A espiga de milho é a campeã. Quando as crianças sabem que quando tem espiga de milho no refeitório a procura é grande e chegam a repetir. Já a polenta temos algumas dificuldades, mas diversificamos o modo de preparo.

Os alunos da Escola Municipal Aramy Silva, da capital gaúcha, se divertem muito na hora da merenda e sabem demonstrar a sua preferência. O exemplo é a aluna Mariana Silva, de sete anos, que cursa a primeira série do Ensino Fundamental.

– Gosto de bolo de milho e espiga de milho com margarina – diz Mariana.

A diretora da escola, professora Rosi Margareth Superti, lembra que a instituição serve quatro refeições diárias, sendo que para alguns alunos esta merenda é a principal refeição do dia. Salienta que criança bem alimentada tem mais condições de aprender.

– Todas as escolas da rede municipal oferecem quatro refeições diárias.

Elas são balanceadas, temos uma produção de alimentos significativas e sabemos que existem crianças que se alimentam apenas aqui conosco. A criança bem alimentada tem condições de estar em sala de aula com mais disposição física e mental – salienta a diretora.