Ministério da Agricultura quer otimizar o uso do seguro rural

No Brasil, um dos gargalos na contratação do seguro é o serviço ser usado como moeda de troca pelas instituições financeirasO Ministério da Agricultura (Mapa) vai criar, em parceria com entidades do agronegócio, um grupo de trabalho permanente para otimizar o uso do seguro rural no país. A ministra Kátia Abreu se reuniu nesta quarta-feira, 22, em Brasília, com o secretário de Política Agrícola do Mapa, André Nassar, representantes da Aprosoja, Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa).

De acordo com as entidades, um dos problemas na contratação do seguro é o serviço ser usado pelas instituições financeiras como moeda de troca no momento de conceder um financiamento ao produtor rural. A Federação da Agricultura do Estado de Goiás (Faeg), por exemplo, sugere que sejam aplicados no Brasil modelos internacionais para evitar esse tipo de situação.

– Nos Estados Unidos, por exemplo, 80% da agricultura é segurada, seguro com subvenção. O crédito rural norte-americano é zero, não existe crédito rural. Porque o produtor com uma apólice de seguro se dirige a um agente financeiro e esse agente, perante a apólice vai negociar. De repente é um caminho que o Brasil pode seguir – sugere o presidente da Faeg, José Mário Schreiner.

O gerente da Cooperativa de Crédito do Paraná (Credicoamo), Dilmar Peri, defende que o governo deveria desburocratizar o acesso ao seguro. Na Credicoamo, por exemplo, 98% dos associados contam com a negociação da cooperativa para contratar o serviço.

– O ponto de vista do sistema cooperativista é que as distribuições têm que acontecer na mão do agricultor, lá no campo, proteção ao crédito. E o Ministério está muito preocupado ainda em qual é o volume necessário pra fazer isso no Brasil – pontua Peri.

FPA questiona governo

O coordenador de Política Agrícola da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado Roberto Balestra (PP-GO) questionou, nesta quarta, 20, os ministros da Fazenda, Joaquim Levy, do Planejamento, Nelson Barbosa, e da ministra da Agricultura, Kátia Abreu, os reais motivos de tanto atraso na aprovação do Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural para os cereais de inverno como aveia, centeio, cevada e trigo.

Balestra argumenta que os agricultores correm o risco de não terem acesso ao seguro para essas culturas neste ano, com agravante para os triticultores do Paraná que já iniciaram os plantios. O estado responde por mais de 60% da produção nacional do cereal, com a produção de seis milhões de toneladas. Em maio, o plantio é no Rio Grande do Sul, segundo maior produtor de trigo do país.

Por falta de definições do governo federal, o mercado de seguro rural está paralisado nas principais regiões produtoras, explica o deputado. Na falta de uma decisão urgente, muitos produtores perderão a oportunidade de contratar o seguro para a safra de inverno. Devido às geadas e chuvas excessivas, 1,5 milhão de toneladas de cereais foram perdidas e o seguro minimizou os prejuízos dos agricultores, evitando recorrer a renegociações de suas dívidas.