Pesquisa mostra produtor de tabaco com renda acima da média brasileira

80,4% dos produtores de tabaco enquadram-se nas classes A e B; média geral brasileira não chega a 22%

Fonte: Afubra/divulgação

A Universidade Federal do Rio Grande do Sul, por meio do Centro de Estudos e Pesquisas em Administração, conduziu um recente estudo com objetivo de investigar o Perfil Socioeconômico do Produtor de Tabaco da Região Sul do Brasil. Encomendada pelo Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco), a pesquisa foi realizada entre 29 de agosto e 16 de setembro de 2016, em 15 das 21 microregiões produtoras de tabaco que compõem a Região Sul do Brasil – o que corresponde a 94,3%  do total produzido na região. Os resultados foram apresentados nesta terça-feira, 29 de novembro, em Porto Alegre, durante coletiva de imprensa.

Coordenada pelo Prof. Luiz Antonio Slongo, a pesquisa contou com o apoio da pesquisadora Lourdes Odete dos Santos e do doutorando Rafael Laitano Lionello. A coleta de dados foi feita com base em entrevistas pessoais, realizadas na residência dos produtores que constituíram a amostra. A população considerada para o estudo foi composta por 91.330 produtores de tabaco da Região Sul e, para efeitos de amostra, considerou-se um total de 1.145 casos, com erro amostral máximo de 2,9%. A equipe de entrevistadores foi composta por profissionais do CEPA/UFRGS e por entrevistadores recrutados nas próprias regiões de abrangência de pesquisa, todos devidamente treinados. 

O critério utilizado para estratificar a população de produtores de tabaco da Região Sul do Brasil seguiu o que recomendam Kamakura & Mazzon (2013). “Este critério é o mais completo, atualizado e fidedigno atualmente disponível no País”, ressalta Slongo. Segundo ele, os resultados da pesquisa apontam para uma boa condição socioeconômica dos produtores de tabaco da região sul do Brasil. 

“Verificamos um bom acesso a itens relacionados às condições de conforto, higiene e saúde, respaldado por um bom nível de renda. Os produtores de tabaco têm bom acesso às informações e também a condições satisfatórias para atualização e desenvolvimento da sua atividade. Eles também fazem uma boa avaliação de suas próprias condições de vida, ou seja, em geral mostram-se satisfeitos e realizados. Mas o que realmente impressiona é que as rendas familiar e per capita dos produtores de tabaco são superiores às médias nacionais e o nível socioeconômico, que constituía o foco central deste trabalho, se mostrou muito acima ao do brasileiro”, avalia o coordenador. 

A pesquisa também considerou a autoavaliação feita pelos produtores. “O que vimos é que os produtores de tabaco da região expressam, de maneira geral, sentimentos de realização e de satisfação, que nada tem a ver com a falsa imagem de sofrimento, ou de abandono, que muitas vezes se quer a eles incutir”, conclui Slongo.

Segundo o presidente do SindiTabaco, Iro Schünke, os resultados comprovam a importância econômica e social do tabaco no meio rural. “A cadeia produtiva do tabaco sistematicamente tem sido alvo de inverdades nos mais diversos fóruns. Neste contexto, mitos são atribuídos aos produtores de tabaco: o produtor ganha pouco; não tem qualidade de vida; não tem acesso à tecnologia; só tem renda com tabaco; não recebe orientação, etc. Encomendamos a pesquisa com uma instituição idônea e reconhecida para que pudéssemos combater tais mitos com fatos. Os resultados não surpreenderão quem conhece o setor do tabaco, mas eles vão impressionar quem ainda recebe informações de fontes antitabagistas”, afirma Schünke.

Renda familiar

• Considerando-se todas as fontes de renda, os produtores de tabaco da Região Sul do Brasil atingem uma renda mensal total média de R$ 6.608,70;

• A renda per capita mensal média na população de produtores de tabaco da Região Sul é de R$ 1.926,73, enquanto a renda per capita no Brasil é de R$ 1.113,00 (IBGE, 2015);

• 62% dos produtores de tabaco dispõem de outras rendas, além daquela proveniente do cultivo do tabaco;

• Essas outras rendas provêm do cultivo de outros produtos agrícolas (quase 50% dos produtores) e de outras fontes de renda (quase 39% dos produtores);

• As outras fontes de renda, não relacionadas à atividade agrícola, são principalmente: aposentadorias, empregos fixos ou temporários, atividades autônomas, aluguéis, arrendamentos, ou rendimentos de aplicações financeiras.