Receita da safra pode surpreender, mesmo com colheita menor, diz Abag

Quebra na Argentina, aumento de compras pela China e câmbio favorável podem compensar queda da produção brasileira

Fonte: Jonas Oliveira/ANPr

O diretor-executivo da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Luiz Cornacchioni, projetou que a receita no campo tende a ser maior com as quebras de safra na Argentina, a postura protecionista do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que pode levar a China a comprar mais produtos agropecuários brasileiros, e o câmbio em patamares ainda favoráveis à exportação.

Esses fatores podem compensar uma safra de grãos menor do que no ciclo anterior, estimada por ele entre 228 milhões e 230 milhões de toneladas. “Teremos uma safra um pouquinho menor, mas, em compensação há coisas que podem ajudar no faturamento. Tem demanda da China mais forte, especialmente por causa da ajuda que o Trump tem dado a nós. Você tem o problema de safra na Argentina, que vai ter reflexo no preço. E o câmbio está razoável, na casa de R$ 3,25 a R$ 3,30”, disse a jornalistas após o Seminário Desafios e Perspectivas do Agronegócio Brasileiro, realizado nesta sexta-feira, dia 16, em São Paulo.
 
Na avaliação dele, o resultado do Valor Bruto da Produção agropecuária poderá até mesmo superar o obtido no ano passado, dependendo da evolução das culturas nos próximos meses. “A gente tem que cuidar é da renda do produtor, o que sobra no bolso para investir, isso tem preocupado. Produtor está perdendo com logística, com burocracia. Temos esses custos que têm prejudicado a rentabilidade.” Além da expectativa de uma safra de grãos robusta, ele destacou perspectivas positivas para carnes, citricultura, café e celulose. “Talvez açúcar que sofra mais”, apontou, citando os preços internacionais mais baixos.
 
Cornacchioni disse ainda que operação Trapaça, segunda fase da operação Carne Fraca, preocupa, mas que o setor espera uma atuação rápida do Ministério da Agricultura. “Essas operações sempre trazem instabilidade no mercado. Mas acho que, se as ações do ministério forem tão boas quanto na (primeira fase da) Carne Fraca, é questão de algumas semanas para normalizar. O ministério agindo do jeito que tem agido, rápido, a gente minimiza isso.”