Café: leguminosas ajudam a controlar planta daninha

Técnica pode substituir ou complementar os métodos tradicionais de controle no cafezal

Fonte: Suelen Farias/Canal Rural

O controle de plantas daninhas da cultura do café pode ser feito por meio da intercalação ou cultivo nas entrelinhas de espécies leguminosas herbáceas. Assim, constitui-se numa prática alternativa de redução de capinas, diminuição dos custos e incremento da sustentabilidade, com melhoria da qualidade do solo e do cafezal.

As leguminosas são coberturas vivas que promovem a supressão da infestação das plantas daninhas. Isso acontece devido aos efeitos de competição pelo predomínio do sombreamento de sua massa verde ou pelo efeito da liberação de compostos químicos secundários inibidores.

Como benefícios adicionais no solo, as leguminosas proporcionam redução da compactação, controle da erosão, fixação de nitrogênio, economia com adubos, menos poluição do meio ambiente, aumento da matéria orgânica e incremento da biodiversidade.

Algumas espécies de leguminosas são indicadas para diversas regiões cafeeiras.

Na região da mata atlântica, o lablabe e o sirato plantado nas entrelinhas do cafezal proporcionaram no primeiro ano maior inibição das plantas daninhas e, no segundo ano, a leguminosa amendoim-forrageiro promoveu menor densidade e biomassa da população de plantas daninhas.

Na região do cerrado, a leguminosa híbrido de Java, no primeiro ano, permitiu maior inibição das plantas daninhas por apresentar a maior produção de biomassa e, no segundo ano, o amendoim-forrageiro se destacou com maior supressão dessas espécies por ter expandido sua cobertura de solo.

Na região amazônica, o consórcio de leguminosas com café robusta, no estado de Rondônia, proporcionou maior eficiência de controle das plantas daninhas apresentada em ordem decrescente pelas leguminosas puerária, amendoim-forrageiro, desmódio, feijão-de-porco e mucuna.

Em longo prazo, o amendoim apresenta maior capacidade de reduzir plantas daninhas por ser uma espécie perene, de porte baixo, rastejante e de fácil propagação vegetativa, tendo resistência ao período seco e bom revigoramento no período chuvoso, além de facilidade de regeneração após a realização de podas.

Essa prática cultural é adequada ao manejo das lavouras de café propícias a uma maior infestação das plantas daninhas, como lavouras recém-implantadas, apresentando espaçamentos abertos, lavouras adultas mecanizadas com entrelinhas largas em locais planos e lavouras em regiões com declive do solo bastante acentuado.

O cultivo de leguminosas como parte do manejo integrado, atende às conformidades da condução de cafezais de base ecológica, certificados e especiais.

Também combina com as práticas da agricultura de baixo carbono, que limita o uso de produtos herbicidas na lavoura, contribui para a recuperação de solos e incrementa a vegetação nas entrelinhas de culturas perenes.