Cafeicultores estimam perdas de produção e qualidade para 2017

Intervalo entre chuvas influenciou diretamente o período de florescimento em regiões de São Paulo 

Fonte: Roberta Silveira/Canal Rural

A produção de café no país foi de mais de 49 milhões de sacas em 2016, mas a perspectiva é de queda no ano que vem. Nas lavouras de São Paulo, problemas climáticos indicam uma baixa para 2017. 

No município paulista de Santo Antônio do Pinhal, é possível notar uma florada desuniforme por causa do longo intervalo entre uma chuva e outra. O clima influenciou diretamente os períodos de florescimento. 

“Tivemos uma chuva no início de agosto, que estimulou o café a dar florada. Principalmente no ponteiro isto é mais difícil. Depois, tivemos 40 dias sem chuva. Isso deixou uma florada muito longe da outra e vamos ter em consequências disso uma colheita com maturação desuniforme”, afirma o cafeicultor Júlio César Ragazzo. 

Assim, é possível notar frutos que já começaram a fase de enchimento, mas também com chumbinhos no mesmo pé. Há a desconfiança de mais uma florada em algumas plantas. Na época da colheita, haverá café maduro e verde no mesmo pé.

A queda já era esperada para 2017 pelo processo natural do café, que sofre baixa após uma boa colheita. Mas a redução deve ser maior ainda. Em outubro, lavouras de café de municípios na divisa entre São Paulo e Minas Gerais foram atingidas por queda de granizo. As pedras de gelo arrasaram muitos locais, que não se recuperaram para a próxima safra. 

“Eu calculo algo em torno de 25% de quebra de produção para o ano que vem. Aqui na região, um pouco menos; em outras, até mais quebra”, afirma o engenheiro agrônomo Thiago Makhoul de Carvalho. 

O clima nos próximos meses é importante para o desenvolvimento do cafezal. Agora, a preocupação é com o excesso de calor e falta de chuva no verão. Se isto acontecer, as perdas nas lavouras de café serão potencializadas. 

“Se tudo der certo, vai granar bem. Mas se vier outro período de seca, o fruto será prejudicado”, completa Carvalho.