Safra de cana está atrasada em São Paulo

Produtores também estão sem receber pelo produto fornecido a usinas

Fonte: Zineb Benchekchou/Embrapa

A colheita de cana-de-açúcar no estado de São Paulo está atrasada em 4%, principalmente por causa do clima. Na região de Piracicaba, o atraso é ainda maior, em torno de 15%. A safra, que deveria terminar em novembro, deve se estender até o fim de dezembro. Ainda assim, muita cana deve ficar em pé, o que deve levar à antecipação da próxima safra.

De acordo com o fornecedor de cana Gilmar Soave, de Saltinho (SP), o início da safra já foi atrasado por falta de chuvas, e, perto de começar a colheita, choveu mais.

– Aí a cana começou a crescer e não amadureceu, o que atrasou um mês para iniciar a safra –, diz.

De acordo com o diretor da Cooperativa dos Plantadores de Cana do Estado de São Paulo (Coplacana), José Clóvis Casarim, essa situação prejudica os fornecedores porque eles deixam de receber e atrasam os tratos culturais. 

A produtividade geral desta safra em São Paulo está cerca de 15% acima da temporada anterior. Gilmar Soave, por exemplo, está colhendo até 85 toneladas de cana por hectare. O índice de Açúcar Total Recuperável (ATR), que serve de base para o pagamento da cana, está 4% menor, com 132 kg em média por tonelada.

O produtor enfrenta ainda atraso no pagamento. Uma das três usinas para as quais fornece cana não está pagando em dia.

– Pagar, eles pagam, mas demora. Eu ainda não recebi por cana do ano passado, e não sei quando vou receber –, diz ele.

De acordo com a União da Indústria da Cana-de-açúcar (Unica), o atraso em pagamentos é uma situação pontual, que não refletiria a realidade do mercado. Os preços do açúcar e do etanol estão em alta e, aos poucos, o setor estaria se recuperando da crise.

De abril a setembro, o valor do quilo do ATR era de R$ 0,47, segundo o diretor técnico da Unica, Antonio Pádua Rodrigues. No mês de outubro, pulou para R$ 0,54, o que significaria dizer que a tonelada de cana já passa de R$ 70.

– É um cenário positivo, no qual a empresas poderão a partir do ano que vem voltar a fazer reforma no canavial, em máquinas, em equipamento, na busca por maior produtividade, porque agora o preço já está compatível com os custos de produção –, afirma Rodrigues.