Arábia Saudita importa 70% do que come e bebe

Apesar de não ter sequer um rio ou lago, país consegue produzir lácteos, ovos, pescados, aves, frutas, legumes e flores

Fonte: Divulgação

Imagine o que é tentar ser agricultor num país sem nenhum rio ou lago. Assim é a Arábia Saudita. Apesar disso, ali são produzidos lácteos, ovos, pescados, aves, frutas, legumes e flores. A produção fica longe de atender à demanda interna, que obriga o país a importar 70% de tudo o que os sauditas comem e bebem.  

Essa é uma boa notícia para o produtor brasileiro. A Arábia Saudita hoje é o maior parceiro comercial do Brasil no Oriente Médio. Em 2017, as exportações brasileiras para os árabes renderam US$ 13,6 bilhões, sendo que os produtos do agronegócio são responsáveis por US$ 10,4 bilhões desse total.

E os sauditas querem mais. O ministro da Agricultura do país, Abdulrahman Alfadi, esteve no Brasil em novembro passado e se encontrou com o colega brasileiro, Blairo Maggi. Veio dizer que, além de mais aves e bovinos, quer comprar ingredientes para alimentar animais, já que rações não são produzidas no país. A reação brasileira foi rápida. No mesmo mês, Marcel Moreira Pinto tomou posse como adido agrícola do país na Arábia Saudita.

Em troca, os sauditas são os segundos maiores fornecedores de petróleo para o Brasil, perdendo apenas para a Nigéria. Aliás, o óleo bruto ainda é o centro da economia saudita. O país tem 16% das reservas mundiais conhecidas, e 90% do que arrecada com exportações decorrem da venda de petróleo.

Produzir qualquer coisa em uma região tão desértica é um desafio caro e que exige muita tecnologia. Na região da bacia de Wadi As-Sirhan, acontece a experiência mais interessante. Visíveis até do espaço, chama a atenção os círculos verdes com cerca de 1 quilômetro de diâmetro cada um.

A forma circular se deve à inevitável utilização de irrigação por pivô central. A água vem de fontes subterrâneas. Para chegar até elas, é preciso escavar poços em rocha sedimentar em profundidades que passam dos 1.000 metros. O problema é que essas fontes não se renovam, e estudiosos afirmam que o suprimento de água desses poços deve durar por mais 50 anos, no máximo. Isso tem levado os sauditas a comprar terras férteis em vários países.

Nas demais áreas do país, a água vem de duas formas. Cientistas alemães contratados pelo governo saudita encontraram aquíferos subterrâneos em escavações com até 2.000 metros de profundidade. A segunda estratégia é a dessalinização do mar. Para ter uma ideia dos desafios do processo, a água que abastece a capital do país, Riad, viaja por 370 quilômetros, desde o golfo da Arábia.

No futebol

Sem muita tradição no futebol internacional, a Arábia Saudita ficou famosa por ser um dos países mais generosos na hora de remunerar jogadores estrangeiros. O brasileiro mais famoso que passou por lá foi Roberto Rivellino, campeão do Mundo de 1970 pela nossa seleção. Para dar uma ideia da mão aberta dos cartolas árabes, no ano passado o atacante brasileiro Carlos Eduardo, ídolo do clube Al Hilal, foi presenteado com um iPhone de ouro e um leão de verdade.


Artilheiro nas eliminatórias, o atacante Mohammad Al-Sahlawi é a grande esperança da seleção 

A Copa da Rússia será a quinta que a Arábia Saudita participa. Treinada desde novembro do ano passado pelo argentino Juan Antonio Pizzi, a seleção do país tem como grande estrela o atacante Mohammad Al-Sahlawi. Sua maior proeza foi ser o maior artilheiro de todas as eliminatórias para a Copa. Marcou 16 gols.

Neste mundial, os árabes terão como adversários no Grupo A a Rússia, o Egito e o Uruguai. Será que o talento de seu camisa 10 vai ajudar o país a conseguir o feito inédito de passar da primeira fase?