Novo presidente da ABCCC fala em mudanças no Freio de Ouro

Dado Suñe, que venceu a eleição realizada na 39ª Expointer, quer premiar animais que conseguem grande desempenho na prova funcional, mas não necessariamente recebem os troféus principais

Fonte: Fábio Santos/Canal Rural

Após seis meses de campanha política e um dia exaustivo de votação, o presidente eleito da Associação Brasileira dos Criadores de Cavalos Crioulos (ABCCC), Eduardo Móglia Suñe, reuniu a imprensa nesta quinta-feira, dia 1º, para falar sobre o seu mandato que se inicia em outubro.

Segundo Dado Suñe, como é conhecido entre os criadores, o Freio de Ouro, principal prova da raça, deverá passar por mudanças na premiação. “Queremos premiar também a melhor média funcional, tanto de macho como fêmea”, disse.

Segundo o presidente eleito, essa seria uma maneira de premiar animais que conseguem grande desempenho na prova funcional, mas não necessariamente é premiado com freio de ouro, prata ou bronze. 

Processo eleitoral

Um dia após vencer o pleito, Dado Suñe confessou que pretende mudar o processo eleitoral para o futuro. “A ABCCC não estava pronta para uma eleição. Nosso estatuto é muito antigo e, talvez, seja o caso de pensarmos em outras alternativas, como voto via internet, com urna eletrônica ou sem a existência de procurações. Temos que nos unir e trabalhar nessa questão”, disse.

A união, inclusive, foi o ponto mais comentado pelo candidato, tanto no momento em que soube do resultado, quanto na conversa com os jornalistas. Dado Suñe disse, em mais de uma ocasião, que pretende apagar tudo o que aconteceu no processo eleitoral e que já começou a conversar com apoiadores de seu adversário e primo, Marcelo Moglia.

“Tive uma resposta muito positiva das pessoas com quem eu conversei. Ainda não tive a oportunidade de conversar com o Marcelo, mas a minha intenção é colocar o cavalo acima das pessoas. Não gostaria de ter um mandato com essa oposição. Quero uma união pela raça crioula”, disse.

Principais desafios

Contente com o funcionamento da ABCCC, Suñe disse que tem, como principal desafio, fazer com que os cerca de 3 mil associados e os 107 núcleos  da entidade tenham mais acesso à informação. “A ABCCC é uma empresa moderna, mas o associado não está indo ao site procurar por informações todos os dias e precisamos criar uma maneira de que a informação chegue até ele.”

O presidente eleito disse ainda que vai criar um programa chamado sócio-usuário, que dará benefícios para os mais de 60 mil usuários de cavalos da raça crioula que aderirem, não necessariamente se tornando sócios da ABCCC.

Com o programa, que deve ter uma anuidade por volta de um terço da anuidade do sócio, que hoje é de R$ 967, o usuário poderá ter descontos nas provas do Freio de Ouro e outros benefícios que serão definidos. O sistema é semelhante aos dos programas sócio-torcedor implantados nos clubes de futebol.

O sócio-usuário, no entanto, não dará direito ao voto nas eleições da associação. “Nós queremos aumentar o número de sócios, mas, se o usuário não se associar e quiser  continuar a usar o cavalo, essa é uma equação que só ele deve decidir”, disse.

Crescimento

O objetivo macro da associação é, sem dúvida, continuar o crescimento e abrangência da raça tanto no Brasil como em países vizinhos, como Uruguai e Argentina. Segundo Suñe, há muito potencial para a raça crescer na região acima do Paraná e um dos objetivos da gestão será aumentar a participação de cavalos crioulos em provas de laço, muito comum em várias regiões do Brasil.

“Hoje, o crioulo está entrando forte no Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste. Apesar de representar apenas 5% da raça, os estados dessas regiões registraram um crescimento de 230%. Hoje temos cerca de 400 mil animais no Brasil, sendo 85% no Rio Grande do Sul, 10% em Santa Catarina e Paraná e, o restante, nas demais regiões do Brasil”.