Exército recebe alimentos da agricultura familiar

Além de Brasília (DF), o Ministério da Defesa abriu agora edital para a compra de alimentos para outras duas unidades do Exército, em Roraima e em Pernambuco

Fonte: Paulo Filgueiras/GERJ

A importância e os benefícios que o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), gera a todos os envolvidos é inquestionável. Muitas famílias, assentados da reforma agrária, comunidades indígenas e demais povos já foram beneficiadas com as compras de alimentos do governo. Do outro lado, entidades da rede socioassistencial, nos restaurantes populares, bancos de alimentos e cozinhas comunitárias, escolas e cestas de alimentos distribuídas pelo Governo Federal, também receberam alimentos mais saudáveis e frescos. Agora, os batalhões do Exército e Marinha de alguns estados passam a receber os alimentos. E eles tem feito sucesso entre os militares também.

A sargento Nayara Salgado, que atua no Centro de Controle Interno (CCI), se alimenta todos os dias no refeitório  da Base Administrativa do Quartel-General do Exército (QGEx), em Brasília (DF). Ao falar da comida, um sorriso se abre em seu rosto. Ela está no Exército há seis anos e sabe da importância de se alimentar bem. “A comida é bem diversificada. Então, os benefícios para a nossa saúde são muitos. São fibras, sais minerais que estão presentes nas frutas e legumes e nos proporcionam uma alimentação saudável, que devemos ter para trabalhar e viver”, conta.

Quando questionada se gosta da comida do quartel, Nayara não se intimida. “Eu amo a comida daqui. Venho do Batalhão de Infantaria de Palmas, no Tocantins e lá não era assim. Então eu gosto muito”, diz.

O soldado Marcos Paulo de Almeida Gomes, também está feliz com as refeições diárias. Ele está há cinco anos no quartel. Para ele, a compra dos cultivos advindos da agricultura familiar é importante não só pelos benefícios nutricionais que podem trazer, como também pelos benefícios sociais. “É bem bacana porque, além de nos alimentar, de nos suprir, ainda gera empregos para as pessoas que estão lá fora. E mais que tudo: são alimentos naturais. A comida do dia a dia, então, é excelente. Muito aprovada por todos nós”, fala.

Dos alimentos que recebem, uma parte das alfaces vem da propriedade familiar de Toni Cézar Balbino, de Planaltina (GO). Pelo menos 80 quilos de folhosas são entregues semanalmente à cooperativa que participa, a Pro Rural, para chegarem frescas no dia seguinte pela manhã ao Exército. “É um jeito de fluir nossas verduras, fazer com que elas saiam, porque é difícil, hoje, você plantar para poder vender”, conta Balbino. “A agricultura familiar para mim é tudo. É o que eu aprendi, é o que eu sei fazer mesmo. Um trabalho entre família e amigos.”

As alfaces do agricultor Balbino se unem a diversos outros produtos, entre hortaliças, frutas e legumes, quando chegam ao quartel. Segundo o presidente da Pro Rural, Jairison Gonçalves Silva, de 40 anos, cada entrega do PAA conta com a produção de 20 a 30 agricultores. “Nós fornecemos de 400 a 2 mil quilos de alimentos, em cada pedido. Os preços praticados junto a esse Programa são superiores aos do mercado, então, as famílias que participam têm uma condição de vida melhor porque os produtores têm se dado bem com as vendas, o que é muito bom para o desenvolvimento da agricultura familiar”, conta Jairison.

O contrato fechado entre o Ministério da Defesa e a Pro Rural, por meio de chamamento público, foi de R$1,7 milhão. Além de atender ao Exército, e abastecer parte da Marinha e de outras administrações do MD, a cooperativa Pro Rural acessa, ainda, ao Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), também executado pela Sead, e o Programa de Aquisição da Produção da Agricultura – Papa/DF, do governo do Distrito Federal.

Comercialização

O PAA e o Pnae integram o sétimo eixo do Plano Safra 2017/2020: a comercialização. Em 2017, segundo o analista de políticas sociais da Coordenação de Diversificação Econômica da Sead, Igor Teixeira, o potencial de mercado do PAA era estimado em R$340 milhões, enquanto que o de compras institucionais por municípios, estados e órgãos federais era R$2,7 bilhões. Para inserir mais agricultores dentro dessas políticas públicas de mercado, foi criado o Serviço Nacional de Monitoramento, Comunicação e Fomento de Oportunidades de Compras Públicas da Agricultura Familiar (Sistema Oportunidades).

A ação busca monitorar as chamadas públicas de aquisição de produtos da agricultura familiar a nível nacional, contribuindo com a divulgação e transparência dessa política pública. Dessa forma, a plataforma é um suporte aos gestores públicos, às cooperativas e associações no sentido de mapear a demanda e oferta de produtos.

“O objetivo é alinhar melhor a demanda com a oferta e fazer com que as organizações da agricultura familiar conheçam o que está sendo demandado por meio dos editais. Também buscamos, com essa ferramenta, fazer com que os gestores conheçam o que está sendo produzido e ofertado com base nessa demanda. O que se espera, mais que tudo, é conseguir ampliar as compras do Pnae e as compras federais previstas no Decreto nº 8.473/2015, aumentando a participação desses grupos nos mercados, até passar os percentuais que têm alcançado até então. Um desafio para vários estados e municípios do Brasil”, justifica Igor.

Mais oportunidades para os produtores

O Ministério da Defesa abriu, no início deste mês, o edital do PAA – Compra Institucional para comprar da agricultura familiar alimentos para duas unidades do Exército, em Roraima e em Pernambuco. Ao todo, pretende-se investir R$ 3,4 milhões nas aquisições. Para saber mais, clique aqui.