RS: chuvas causam prejuízo de R$ 500 mi e põem 5 cidades em estado de emergência

Cultivo de soja é um dos mais atingidos no estado. Produtores relatam áreas alagadas, germinação de grãos no pé e aparecimento de doenças que podem levar a uma quebra de safra de 20%

Produtores do Rio Grande do Sul amargam prejuízo por conta das chuvas constantes que têm atingido, principalmente, o sul e o oeste do estado. Cinco cidades gaúchas decretaram situação de emergência, em consequência dos estragos causados pela água. O secretário de Agricultura do estado, Ernani Polo, calcula que as perdas no campo já somem cerca de R$ 500 milhões. 

Produtores de diversas culturas tiveram suas áreas alagadas. Mas os maiores danos estão sendo sentidos em lavouras de soja. Em Jaguarão, na fronteira com o Uruguai, por exemplo, foram mais de 300 mm de chuva só em abril. Na soja que está pronta para ser colhida, a quebra de safra estimada até agora é de 20%.

Em Santa Vitória do Palmar, a instabilidade também gera transtornos. Produtores não conseguem entrar a lavoura porque a água tomou conta das áreas. Em três dias, foram mais de 200 mm de chuva, mais que o dobro da média para o mês.

Já em Arroio Grande, que tem a soja como segunda economia do município, todas as lavouras tiveram algum prejuízo. Chove há praticamente 40 dias, algo completamente anormal para esta época do ano.

O produtor Olindo Albuquerque afirma que o período é geralmente marcado por baixa intensidade pluviométrica. “Eu, com os meus 60 anos de idade e 40 de produtor, nunca havia visto algo igual”, espanta-se. Sua lavoura está no ponto de colheita há 20 dias, mas a chuva não deixa os trabalhos avançarem.

O engenheiro agrônomo da Emater local Daniel Feijó das Neves informa que o excesso de umidade vem deteriorando e causando a germinação dos grãos na planta. Isso resulta em doenças, perda de qualidade e causam o chamado grão ardido. “O produtor tem então quebra no secador superior a 20% a 30%, enquanto o normal é de até 5%”, compara.

Em anos anteriores, nesta época a colheita já deveria estar concluída em Arroio Grande. No entanto, apenas um terço das lavouras foi colhido até agora. A perspectiva de Albuquerque era de um rendimento de 50 sacas de soja por hectare, mas calcula que só conseguirá chegar a 40 sacas. “Calculo que seja de mais de R$ 2 milhões o prejuízo, porque nós plantamos mais de 700 hectares”, afirma.