Entenda o impasse de embarque de animais em Santos

Segundo a Associação Brasileira dos Exportadores de Animais Vivos (Abreav), o prejuízo se acumula a cada dia que passa

Fonte: Karlos Geromy/Secap

Um navio com 27 mil bois que tinha previsão para deixar o porto de Santos com destino à Turquia na noite da última quinta-feira continuou ancorado por causa de uma decisão judicial. A Minerva Foods, empresa responsável pela exportação, tenta reverter a decisão mas foi multada novamente pela prefeitura da cidade. Segundo relatos, o atraso no embarque gera prejuízo de quase R$ 300 mil por dia.

Segundo a Associação Brasileira dos Exportadores de Animais Vivos (Abreav), o prejuízo se acumula a cada dia que passa. “De forma direta, o prejuízo é de R$ 70 mil a R$ 100 mil por dia, sem contar os custos indiretos que estão relacionados aos contratos que a empresa brasileira tem com a empresa internacional. Ainda entra a questão de prazo, peso e performance a ser cumprida pelo contrato, que ainda nem foram computados”, falou o presidente da entidade, Ricardo Barbosa.

Novas multas

O embarque dos animais começou há uma semana e, durante o processo, a Minerva foi multada em R$ 1,5 milhão pela Secretaria de Meio Ambiente de Santos, que alega falta de estrutura e condições que garantam o bem-estar animal.

Nesta quarta-feira, a Justiça suspendeu o embarque e a prefeitura aplicou nova multa nesta sexta, desta vez de R$ 2 milhões de reais por causa do forte odor causado pelos animais. Segundo o município,  o valor ainda pode aumentar em R$ 500 mil por dia se for constatado mau cheiro na cidade.

“Esta multa foi baseada no código de postura de Santos. É uma lei que existe desde 1968, que prevê no artigo 300 os maus tratos a animais em território santista. A fiscalização encontrou durante o transporte de animais em área urbana santista, situação de cansaço, maus tratos, deitados e envoltos por fezes”, disse o secretário de meio ambiente de Santos, Marcos Libório.

“O secretário disse que a cidade não tem capacidade para alojar os animais. “A cidade de Santos não é preparada para alojar bovinos. Somos uma cidade litorânea e parte da nossa área continental é de preservação ambiental. No cumprimento da determinação legal, o responsável pela carga deverá retirar esses animais da cidade de Santos”, falou.

Impacto econômico

O Brasil é o maior exportador de gado vivo do mundo. No ano passado, foram enviados 407 mil animais para o exterior, quase 40% a mais em relação a 2016. Para o presidente da Associação Brasileira dos Exportadores de Animais Vivos, o problema no porto de Santos pode prejudicar o setor.

“Se os animais que estão sendo endereçados ao exterior, que seguem todos os procedimentos apontados pelo Ministério da Agricultura. Mas se são considerados maltratados, o Brasil parar, pois ninguém mais vai comercializar animais, ninguém mais vai comer carne e nosso segmento pode apertar um ‘pause’ que nada vai acontecer”, finalizou Ricardo Barbosa.