Banco Central monitora efeitos da decisão do Reino Unido no mercado brasileiro

Em plebiscito realizado nesta quinta, dia 23, cidadãos britânicos decidiram, por maioria de 2%, a saída do Reino Unido da União Europeia; Brasil afirma que tem sistema sólido para enfrentar movimentos

Fonte: Hannah Mckay/EPA/Agência Lusa

O Banco Central (BC) informou nesta sexta, dia 24, que está monitorando continuamente, nos mercados global e doméstico, os efeitos da decisão dos britânicos de deixar a União Europeia. Em nota, o BC diz que adotará as medidas adequadas para manter o funcionamento normal dos mercados financeiro e cambial. 

“A economia brasileira tem fundamentos robustos para enfrentar movimentos decorrentes desse processo, especialmente, [um] relevante montante de reservas internacionais, o regime de câmbio flutuante e um sistema financeiro sólido, com baixa exposição internacional.”

Em plebiscito realizado nesta quinta, dia 23, cidadãos britânicos decidiram, por maioria de 2%, a saída do Reino Unido da União Europeia. O resultado da consulta foi divulgado nas primeiras horas da manhã desta sexta.

Em declaração ao país, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, anunciou que renunciará ao cargo. Cameron, que deve deixar o posto em outubro, sempre se manifestou a favor da permanência do Reino Unido no bloco europeu e, durante os meses que antecederam a consulta popular, afirmou que o Brexit – união das palavras “Britain” (Grã-Bretanha) e “exit” (saída, em inglês) – poderia trazer graves consequências econômicas para o país.

Bovespa e dólar

No mercado brasileiro, o dólar estava cotado a R$ 3,4019, por volta das 9h50, com alta de 1,71%. Mais cedo, às 9h20, era cotado a R$ R$ 3,4364. Nesta quinta, o dólar comercial encerrou o dia vendido a R$ 3,344, com queda de R$ 0,033 (-0,98%). A cotação chegou ao menor valor desde 29 de julho do ano passado (R$ 3,329).

O Ibovespa, índice da Bolsa de Valores de São Paulo, subiu 2,8%, para 51.560 pontos, na quinta. O indicador teve a maior alta diária desde 10 de maio, quando tinha se valorizado 4,08%.

Cargill

A Cargill se mostrou desapontada com a decisão britânica de sair da União Europeia, afirmando que percebia “vantagens nítidas da permanência” no bloco econômico. O porta-voz da empresa afirmou que a empresa tem como prioridade “garantir que seus interesses de negócios sejam protegidos nos próximos meses, conforme a situação se desenrola”.

No Reino Unido, a Cargill opera plantas de processamento de carne de frango e têm unidades de comercialização de ingredientes. A natureza global do negócio também torna a empresa exposta a variações cambiais.

JBS

A JBS Foods afirmou que a decisão sobre a saída do Reino Unido da União Europeia, o chamado Brexit, ainda é recente e vai aguardar para avaliar seus efeitos. Na Europa, a JBS tem como subsidiárias a Moy Park, empresa líder no processamento de aves e produtos preparados no Reino Unido, e a Rigamonti. No total, são 14 unidades produtivas, localizadas no Reino Unido, França, Holanda, Irlanda e Itália totalizando mais de 12 mil colaboradores. Em junho de 2015, a Mafrig vendeu a Moy Park à JBS por US$ 1,5 bilhão.

Mais cedo, o superintendente executivo de Agronegócios do banco Santander, Carlos Aguiar, afirmou que o impacto imediato do Brexit deve ser sentido por grandes empresas brasileiras do setor de carnes com plantas de processamento no Reino Unido, como JBS, que fornecem produtos para outros países da Europa. 

“No médio prazo, essas empresas vão perder valor. A lógica, e é por isso que as bolsas estão caindo, é que todos os investimentos feitos no Reino Unido sofram desvalorização por não mais integrar o bloco”, afirmou o executivo.