Falta estrutura para descanso dos caminhoneiros

Postos de combustíveis reclamam dos custos de manutenção da estrutura de parada para os motoristasA nova Lei dos Motoristas já entrou em vigor mas a regulamentação que possibilita colocar em prática todas as exigências esbarram na falta de estrutura. Os pontos de parada, que funcionam como base do planejamento da nova jornada dos caminhoneiros, ainda estão longe de oferecer segurança, conforto e higiene como determina a lei.

Para cumprir a jornada de trabalho como manda a lei, os caminhoneiros terão que planejar o roteiro conforme os pontos de parada disponíveis em cada trecho. A regulamentação estabelece que os locais de descanso serão as estações rodoviárias, pontos de parada e de apoio, alojamentos, hotéis ou pousadas, refeitórios das empresas e, principalmente, postos de combustíveis.

 O diretor-executivo do Movimento Pró-Logística de Mato Grosso, Edeon Vaz Ferreira, lembra que os ministérios dos Transportes e do Trabalho e Emprego têm a obrigação de identificar e orientar todos os pontos de parada em até 180 dias.

– O governo vai ter que disponibilizar linhas de crédito para que a iniciativa privada crie outras paradas e ai poderemos organizar isso, dando maior conforto ao motorista e segurança ao nosso transporte – diz Vaz.

 Na prática, a estrutura atual nas malhas viárias do país não atende as necessidades do setor. Com mais de 30 anos de profissão, o motorista seu Luiz Antônio Gonçalves conhece a dura realidade na hora de encontrar um bom local para descanso.

– É bem precário. Tem posto que não tem nem lugar para parar. A lei quer que a gente pare e descanse, mas onde? Só na beira de estrada.

Antonio Claudino Orso, motorista que veio do Paraná para descarregar fécula de milho no interior de Goiás, também reclama da dificuldade.

– Muitas vezes a gente chega cansado para encostar o caminhão, vem o guarda dizendo que não tem lugar e a gente tem ficar caçando um lugar para poder parar pra descansar.

Muitos donos de postos estão em dúvida se vale a pena pedir a homologação como ponto de parada. Em um posto de Cristalina, interior de Goiás, uma pesquisa dos proprietários mostrou que apenas 30% dos caminhoneiros que param para repousar abastecem. O restante estaria apenas gerando prejuízo e ocupando espaço.

– Pela relação custo/benefício, se não der um jeito de melhorar vai ficar difícil. Tem muita manutenção de banheiro e vai ficar complicado pra gente poder manter. Muita gente não abastece, né só usa os benefícios – conta o gerente do posto, Wanderlei Melo Franco.